Muitos homens clamam-se felizes. Apregoam aos 7 ventos e a todos os sóis do universo como felizes. O homem feliz é aquele que conquistou a felicidade ou o momento da felicidade que sente presentemente. O esforço que medeia entre o desejo e a sua realização - acaba por tornar o homem, na verdade, ainda mais infeliz. O homem habitua-se... graças a esta perspectiva de uma felicidade fácil de conseguir supressão do que foi e do que é, mas engana-se com no que poderá vir a ser, porque parte para o futuro com pressupostos errados. Não é por se ser dono de empresas ou bens materiais, nem uma vida ocupada que se conquista a felicidade, nem por avançar e depois recuar que se glorifica ou se transforma num bem-aventurado da sapiência. A sabedoria tem os seus excessos e não é menos necessário moderá-la do que à loucura. O saber torna-os tolerantes e humildes nunca déspotas ou perseguidores dos que não os querem seguir, muito menos quando se lhe esconde a cara, talvez porque anteriormente os idolatraram, quantos blasfemam Deuses que adoraram e pelos quais combateram por falta de sensatez. Há muito tempo que o papel de sensato é perigoso entre os mais felizes. Os que sabem não têm conceitos inflexíveis, a própria dúvida é a raiz desse conhecimento e aptidão. Não vale a pena dedicar toda a vida ou um quinto dela a ter sonhos bastante grandes mas egocêntricos, porque pode-se perder nesses "devaneios". Fica-se desconfiado; os amigos perdem o seu sentido ou ganham rótulos para serem distinguidos. Este sentimento é invasivo até nos homens mais inteligentes ou poderosos, podem conseguir tudo mas sentem o vazio dum poder que ostentam e recusam ter aplicado mas que os flagela enganando-os na felicidade precisando couraçar-se em realidades mais próximas de si do que os factos.
Outros há, também felizes, vencedores duma vitória sorrateiramente defraudada, mas que teimam dar-lhe nome, como suas incubações perdidas no tempo, sentem-na como uma bomba em potência por ser tão real. Chamam a si poderes e decisões, com o tempo aprendem a ficar mais prudentes até quase a esquecer o passado imperando cisões latejantes. Tudo em nome duma felicidade colectiva esquecendo que a mesma não é feita do que se acumulou mas, do que resta depois do que se deitou fora. Fica assim o inteiro partido e os que do partido são parte raramente voltam inteiros, talvez formando uma outra parte ou um outro partido.
O tempo vai decorrendo e para lá destes Homens tão felizes em si próprios quanta infelicidade vai correndo por estas terras a quem o futuro está a esquecer empurrando-a para a margem dum rio poluído, que cada vez é menos rio e os homens arrefecem a força das suas águas sulfurosas.
Pensem nisso
António Veiga
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