Cala-te ó povo!

Shut up oh people, Do not say a word...
Callaos gentes! No digas nada...
Tais toi les gens du peuple! Ne dit rien...
Silenzio la gente del paese! Non dire niente...
Cala-te ó pobo! Non digas nada...

Cala-te ó povo!

Não digas nada!

A tua parte foi tomada,

Não há nada de novo …


Cala-te ó povo!

Não digas nada!

Nem mesmo a verdade,

ela inebria,

ela corrói ,

ela revoluciona,

e tu povo…

não digas nada!

Cala-te na tua razão,

Pois há suavidade em nada dizer!


Cala-te ó povo !

reme-te na tua serenidade,

sofre nos teus lamentos mas,

não digas nada…

esquece a tua voz

esgotada de lamúrias.

Sê feliz com nada!

E, reza aos teus Deuses

Que nem isso te cobicem!



Cala-te ó povo

E deixa-te enganar

Nas notícias fabricadas

Fecundadas no proveito

E paridas na oportunidade!


Cala-te ó povo!

Mergulha nos teus consumos,

Nos prazeres imediatos,

Nos passeios de Domingo,

Nas festas de coisa nenhuma,

Na beleza efémera,

Na ignorância latente.


Cala-te ó povo!

Que os Senhores

Enaltecem o silêncio

Das vozes do povo!

Cala-te ó povo!

Não queiras entender

Os enganos que te arremessam!

Pede favores

De mão estendida.

Sê um povo debruçado

Com jugo de desgraça.


Cala-te ó povo!

E o teu país

De vinhas e sobredos,

De campos verdejantes

Empurrados das serras

Donde as águas caminham,

Nunca mais será teu!...



António Veiga

Dialogar é preciso

Construir diálogos não é um sonho ou utopia! Destacando-se um pouco do passado o actual presidente da Câmara de Vizela, convidou as diferentes forças políticas no concelho para as auscultar e simultaneamente divulgar os objectivos da câmara para este mandato. Por si só é uma medida que é de louvar e revela sentido e maturidade democrática, das quais todos nos devemos congratular. Numa era em que os homens a cada dia se isolam um pouco mais dentro de si mesmos, criar diálogos é uma necessidade. Claro que não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível, uma vez que o próprio homem é um ser dialogante, mesmo quando monologa com "seus botões". Ora, se até "o silêncio fala", construir diálogos passa a ser uma exigência. E, importa mais de viva voz apresentar os projectos “face to face” que conversas perdidas em críticas ou simplesmente palpites cibernaúticos ou de café normalmente escondidos e muito pouco frontais. Sem diálogo o progresso, transformação, mudança ficam muito mais comprometidos
Diálogo (do grego dialogos, pelo latim dialogus) uma características do homem moderno que ganhou mais fôlego com a revolução tecnológica. Mas o diálogo ou as pretensões a dialogar não se fecham em si próprios, tem no mínimo de haver sempre um ouvinte, que atento, parte em princípio de boa fé. Só quando somos capaz de ouvir, quando sinceramente admitimos que o outro pode ter razão ou parte dela, é que podemos começar a ver, ou a tirar frutos do diálogo. Dialogar é procurar a verdade com o que há de bom em cada um. Quem participa em debates e fala sem escutar, espezinha qualquer raciocínio que não seja conduzido por si próprio, despreza as oposições, ignora as obstruções e, de certo modo, conquista a vitória à força de palavras, está longe de tornar o diálogo em algo produtivo, apenas está a impor a sua própria vontade disfarçada de abertura ou espírito democrático. Se as discussões políticas se tornam facilmente inúteis podem ter aí a sua causa principal, esse género de esterilidade que estão geralmente condenadas, porque aquilo que prevalece neste género de discussão, mais frequentemente do que se pensa, não é a necessidade da verdade mas o desejo de discutir. Numa época em que o poder não vem de um distinto ou de uma arma., as pessoas aceitam passivamente como o verdadeiro poder associado a falsas promessas ou mentiras inerentes desde o programam às medidas de execução, atitudes que assentam, nos interesses e no mentir descaradamente, conseguindo que toda a gente alinhe na mentira, e conseguir que toda a gente concorde com aquilo que sabe perfeitamente que não é verdade. Impera assim mudar o rumo, foi nesse sentido que a CDU na recente reunião de cerca de 2 horas com o edil esteve presente, não só ouvindo e dando o benefício da dúvida nesta fase inicial reservando-se ao facto de estar atenta e interventiva no seu decorrer, apresentando também algumas medidas que por se acharem fulcrais e prementes para o concelho e cuja viabilidade fizemos notar.

Esperemos assim que deste diálogos onde não deve haver vencedores nem vencidos mas vontade de cooperar e que do mesmo surja progresso, pois Vizela bem o carece e merece.



Pensem nisso.

Paralisia na justiça

The distrust of politicians and justice erodes the Portuguese public life.
La méfiance des Politiciens et de la justice érode la vie publique portugaise.
La desconfianza de los políticos y de la justicia, erosiona la vida pública portuguesa.
La diffidenza dei politici e della giustizia erode la vita pubblica portoghese
Fala-se como nunca de justiça em Portugal, mais grave ainda descredibiliza-se a justiça ou pior ela própria se descredibiliza, a justiça deixou de ser cega para ser paralítica com provavel associação de degenerescência progressiva grave vai precisar dumas mãos esterilizadas porque mãos limpas já serão demasiado contaminadas. Esta autodestruição da justiça, e é privilégio dos mais poderosos, dos que estão para além da justiça. Num sistema democrático a justiça é um dos pilares fulcrais do seu bom funcionamento. Depois de estenuantes aberturas de telejornal, do Primeiro Ministro, sei - não devia saber, mas sei - que há dois magistrados que o acham suspeito de um crime grave. Foi contrariado por outra instância competente, é uma opinião sem valor jurídico, passa assim a uma opinião privada, embora de pessoas com formação jurídica e acesso a informação de que eu não disponho: as escutas. As suspeitas continuam a pairar e a confiança é cada vez maiior. A sucessão de casos envolvendo políticos desde a o processo da Casa Pia, passando pelo BPN , BPP, ao processo Face Oculta que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas.

A desconfiança em relação aos políticos e à justiça corroí a vida pública portuguesa. Há duas soluções para este problema. Ou os portugueses deixam de ser tão desconfiados ou os políticos e magistrados deixam de dar tantas razões para que se desconfie deles. Os políticos parecem preferir a primeira. O drama da nossa política é que as pessoas de valor não se querem misturar com os medíocres e acabamos por só ficar com estes últimos e nos quais sempre se envolvem oportunistas. Há demasiados políticos de carreira em Portugal completamente desfasados da realidade do país, do mundo do trabalho, a maioria deles apenas circula de gabinetes ou de cargos tomando ou ditando decisões cujo esforço máximo investido é rubricar o nome no fim do documento. A corrupção ganha tentáculos em toda a sociedade e é voz corrente que a corrupção está imparável, porque não se criam os mecanismos necessários para a combater como criminalizar o enriquecimento ilícito, não só como combate à corrupção, mas também como medida na criação de condições para uma apropriação mais justa da riqueza e diminuição da brutal desigualdade entre ricos e pobres A legislação que já existe já o permite mas como se vê é ineficaz.


A tendência para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. A corrupção num sistema democrático acontece pela simples razão que a decisão de lugares de relevo são partidarizados e em torno dos partidos giram como satélites interesses e interesseiros que estrategicamente se colocam e trocam de lugares e favores. O próprio financiamento de partidos talvez seja o começo. Quão melhor é apercebermo-nos de que as origens da corrupção são insignificantes e inofensivas! Quando a riqueza (e o património) visível não tem suporte nas remunerações e outras fontes de riqueza declaradas? Então o Ministério Público deveria investigar, nomeadamente através das declarações fiscais ou outras obrigatórias. O cidadão indiciado é incriminado? Bem, antes de sentenciado tem todo o direito a se defender, explicar e provar que ganhou no euromilhões, recebeu herança do tio americano, etc., porque a presunção de inocência é inerente a um estado de direito.
Talvez assim deixássemos de ser um país onde haja empresários que toda a vida ganharam o ordenado minímo mas têm Ferraris, mansões e casas de praia, que os filhos vão para a Universidade e são conhecidos pelos bolseiros dos BMW´s e Mercedes. Um país de gentes que se gabam de corromper e sentem-se inteligente por isso, mais espertos, dizem alguns: “é saber viver!”. Tudo é passível duma cunha, dum jeito, dum favor. Mas afinal o exemplo vem de cima, e por lá, por muitos julgamentos e denúncias que hajam tem ficado tudo muito na mesma.

Aos poucos a nossa sociedade está a desmoronar-se como um castelo de cartas. Os laços sociais estão a desaparecer, substituídos por um sistema de valores em que impera a vacuidade, o poder do mercantilismo e competitividade como forças motrizes - e não o são...

Pensem nisso

António Veiga

Recantos

Aqui na  Europa, bem na ponta da Península Ibérica, há um país deslumbrante, com paisagens fantásticas e uma vista sobre o Atlântico, de cortar a respiração. Facto, que os portugueses ainda se não deram conta, atendendo à forma quase vil como o tratam e governam este pequeno rectângulo. Mesmo assim impõem-se imagens dalguns dos seus recantos que aqui ficam








Imagens duma terra dum povo dum fado:
Fado Português


         O Fado nasceu um dia,
         quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido

que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,

que, estando triste, cantava.

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'



  

Leituras

Hoje quando fui à FNAC de Guimarães achei que a mesma dava mais destaque às novas tecnologias relativamente ao último grito de LCD,s;HiFi, Telemóveis que propriamente ao títulos de obras literárias, não apresentando uma vasta oferta como lhe é apanágio noutras lojas do grupo que frequentei. Talvez este fenómeno, seja fruto dum estudo de mercado e que tenham chegado à conclusão que na área de Guimarães há alguma iletracia e que, a ostentação dum Telemóvel de última geração seja socialmente mais vanguardista que o conhecimento adquirido em literartura.e leitura. A leitura, que é um testemunho oral da palavra escrita, envolvendo a identificação dos símbolos impressos (letras e palavras) e o relacionamento destes com os seus respectivos sons, sendo uma atividade básica na formação cultural da pessoa, a atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios e é uma excelente actividade de lazer. Ler é sonhar pela mão de outrem, faz um homem completo, o conferir destro, o escrever exacto. A leitura, além de ser a mais abundante fonte de informações, é o meio menos dispendiosa e mais rápida para obtê-las. Permite absorver as informações de maior interesse num ritmo inteiramente próprio.

Há no entanto condicionamentos para a sua difusão a nível da sociedade portuguesa com particular relevância nas crianças e jovens, cuja influência dos media e dos audovisuais acaba por ser nefasta se a sociedade e a família não os souber orientar. A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional. As questões socioculturais exercem uma importante influencia no processo de aprendizagem, assim a familia de uma criança que se encontra num processo de aprendizado da lingua escrita deve estar envolvida activamente, pois para que a criança aprendar a ler e a escrever é necessário que ela perceba a função destas atividades, e para isso é importante que a criança esteja envolvida em praticas letradas.

É importante esclarecer que envolver a criança em praticas letradas não se resume apenas em exigir que ela realize suas actividades escolares, dar livros, mandar ler, é necessário muito mais, a família como principal nucleo social da criança deve inseri-la nas praticas de leitura e escrita a partir do uso de tais modalidades linguisticas, o que objetivamente se traduz em actividades desenvolvisdas junto à criança como ler uma historinha antes de dormir, ler revistas, jornais, escrever bilhetes, cartinhas, cartoes de aniversario, natal, etc... A partir do momento em que a leitura e a escrita estão presentes no ambiente familiar como praticas prazerosas a criança possivelmente irá se interessar mais e melhorar o seu desempenho, pois o facto de não lerem quando forem mais crescidos, estarão indefesos perante a vida. A criança e o jovem de hoje tem inúmeras possibilidades de leitura. Possui a Internet, o ciberespaço que tantas transformações traz ao mundo. Mas antes de tudo é preciso compreender que também a Cibernética prescinde do conhecimento humano, trazendo uma salada de conhecimento tão volumoso que ao usuário do computador fica apenas a tarefa de ser mero repetidor de fórmulas pré-apresentadas pelo cérebro eletrônico. Justamente ali aparece o lugar que deve ocupar o leitor informado, com o seu pensamento, com o apoio da escola e família.

Mas, muitas vezes é esquecida a falta de disponibilidade da própria família, disponibilidade essa que pode ter a ver com factores psicológicos ou físicos (como o cansaço e a pressão dum dia de trabalho principalmente se for rotineiro e/ou de exigência física ou alterações do humor cuja origem pode ser múltipla), assim como factores de ordem social e económica (como seja a falta de interesse por motivações culturais inerentes às classes mais desfavorecidas, cujo orçamento não permite a aquisição de exemplares literários). Embora, esta situação não seja linear porque muitas vezes algumas crianças que apenas com acesso e estímulo duma escola activa desperta neles esse gosto, mas não deixa de ser verdade que uma família estimuladora desenvolve na criança aptências que doutra forma nunca as teria. No entanto essa responsabilidade não se deve esgotar na escola e na família, deve haver vontade e orientação política nesse domínio com a criação de ludotecas ou bibliotecas com horários alargados e comn orientadores de leitura nos mesmos, assim como a criação de programas nos meios de comunicação audiovosuais para o incentivo da mesma, sendo talvez o programa do Diogo Infante um bom exemplo não só para a dinamização da leitura como para a compreensão da língua. Eça de Queiroz, ilustre escritor português referia-se à leitura no século XIX, do seguinte modo:



Esta expressão «Leitura», há cem anos, sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com bustos de Platão e de Séneca, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os aromas de um jardim: e neste retiro austero de paz estudiosa, um homem fino, erudito, saboreando linha a linha o seu livro, num recolhimento quase amoroso. A ideia da leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça.


Actualmente talvez imperasse ajuizar de outra forma apesar de haver mais obras o interesse continuia perdido. Impera outras medidas políticas poderão ser também protectoras como a diminuição do IVA sobre os livros e o incentivo, a salvaguarda e a publicitação de obras de autores portugueses (que devo começar na escola, junta de freguesia e Câmara), colaborando nas traduções e na publicação de livros com especial destaque para a primeira obra. A escolha das obras a ler é também dinamização da própria leitura, muitas vezes limitar-se a ler jornais, não implica actualização, pois ler é uma atividade mediadora entre o conhecimento empírico adquirido e o conhecimento do mundo que os técnicos querem científico, entre o ser humano de experiência vital e o mundo técnico. Ler passa a ser a filtragem do conhecimento humano, desde sua acepção mais simples, até as formas complexas de entendimento. As chaves do conhecimento passam pela leitura, análise e crítica do visto e do vivido, do pesquisado e analisado, da forma do pensamento, da leitura. Há que ter em conta as potencialidades que a leitura desenvolve, como seja a nível pessoal, profissional e social


Nível pessoal:


  1. administração do tempo: a optimização do uso do tempo;


  2. propicia boa compreensão(qualitativa): conhecer um assunto sob os mais diversos ângulos, traz desenvoltura. Saber qual a visão dos mais diversos autores sobre as idéias em análise, dá segurança;


  3. desenvolve e dinamiza a personalidade: o contato intenso com uma variedade de informações e a dinamicidade ao processá-las acelera o desenvolvimento pessoal;


  4. aprimora a dinâmica pessoal: a destreza na captação e elaboração das informações traz como efeito correlato uma maior habilidade na equalização de todos os aspectos da vida pessoal;


  5. auto-realização: o desenvolvimento da autoconfiança e da auto-imagem trazem a conquista da auto-realização.

Nível Profissional:


  1. aprimoramento rápido e seguro;


  2. vantagem competitiva: saber argumentar com clareza requer quantidade e qualidade quanto às fontes de informações;


  3. projeção/conquista do espaço: as habilidades e a dinamicidade são decorrências do grau de autoconfiança do profissional. Oportunidades existem somente para quem está preparado.

Nível social:



  1. conquista do espaço vital(status): saber conversar bem sobre os mais variados assuntos, abre amplo espaço social.


  2. autoconfiança: a certeza e a precisão sobre as informações que se manipula em um colóquio trazem segurança. Não apenas fala sobre o que lê, como também expressa o que conclui.

Ver muito e ler muito aviva o engenho do homem há que dar-lhe uma maior relevância nas nossas vidas e dos que educamos, assim formaremos uma sociedade mais rica e próspera.
Pensem nisso


António Veiga

Dor de viver

Looking at a terminal patient in hospital bed
Mirando a un paciente terminal en la cama de hospital
En regardant un malade en phase terminale dans une lit de l'hôpital
Guardando un malato terminale in ospedale letto


Gemes o teu sofrimento,
confessas a dor desse corpo
que resta dum mundo ingrato,
desconhecido...
Cada minuto é um punhal cravado
num longo espaço
dum segundo desse sofrer.
Esse corpo pesado e inchado
demora na despedida.
Essa luta com a morte
vai para além da razão...
tudo fica no sofrimento,
na dor, na esperança...
Sofres aí deitado!
O peso da dor
amarra-te nessa cama.
Quando tudo deixares,
fica apenas a recordação
de quem tanto sofre
para viver:
A dor de viver
numa vida sem cor.

António Veiga
in Poemas Completos

Paisagens dum povo e duma terra

Há sempre um Portugal por descobrir, porque há sempre um Portugal esquecido, desperdiçado na sua divulgação, mas nem por isso menos belo e acolhedor como aquele que turisticamente impera, como as imagens ilustram. Há que descobrir, há que divulgar também pela proximidade das gentes que é o povo Português


There is always a Portugal to discover, because there is always a forgotten Portugal wasted in disclosure, but no less beautiful and welcoming as a tourist who reigns as the pictures illustrate. We must find, must also disclose the proximity of the people that is the Portuguese people


Siempre hay un Portugal a descubrir, porque siempre hay uno Portugal olvidado perdido en la divulgación, pero no menos bello  como ilustran las imágenes. y revela la proximidad de la gente que es lo
 puevo Portugués

Il ya toujours un Portugal à découvrir, car il ya toujours un Portugal oublié gaspillés dans la divulgation, mais pas moins belle et accueillante comme un touriste qui règne que les images illustrent. Nous devons trouver, doit également divulguer la proximité du peuple qui est le peuple portugais

C'è sempre un Portogallo da scoprire, perché c'è sempre un dimenticato Portogallo sprecato alla divulgazione, ma non meno bella e accogliente come un turista che regna, come illustrano le foto. Dobbiamo trovare, deve anche indicare la vicinanza del popolo che è il popolo portoghese







António Veiga

No seio do parlamento

The beautiful is to see! Is good to have Latin blood ...
Lo bello es ver! Es bueno tener sangre latina ...
Le beau est à voir! Est bon d'avoir du sang latin ...
Il bello è da vedere! È bene avere sangue latino ...
Portugal é um país de brandos costumes, mas de olhares atentos. Com a vitória do Partido socialista para o Governo obriga este  a um melhor diálogo com as forçãs partidárias que constituem o parlamento. A sedução já começou basta olharmos (acima) para o new loock, das deputadas daquele partido. Acredito que concerteza não foi  esse o motivo da lei da paridade? E, que a senhora deputada pelo facto de melhorar a sua imagem em nada compromete as suas funções desde que não faça como o seu partido que seja só para dar nas vistas e enganar incautos observadores. Será que esta deputada pelo ciclo de Setúbal quer manter o PS no estado de graça pós eleitoral? Será para continuar e a alastrar às outras deputadas? É, sem dúvida, um racicíonio de pura maldicência.  Seria interessante uma nova imagem do parlamento também alastrado aos elementos do sexo masculino... Talvez fosse o quebrar do tédio que algumas sessões são e do sono que outros deputados enfrentam nas sessões. Imaginem numa imagem, mais arrojada, no Verão todos os deputados e deputadas em calções de banho e biquini!!!! Uma nova visão dos deputados, uma nova visão da assembleia da república, mais interessante? Talvez... mas tenho as minhas dúvidas!!!

África do Sul é ali ao lado

Portugal is on track to win South Africa
Portugal está en camino de ganar Sudáfrica
Le Portugal est sur la bonne voie pour gagner l'Afrique du Sud
Il Portogallo è sulla buona strada per vincere il Sud Africa

Hoje o meu astral está  animado : a Selecção Nacional apurou-se para o campeonato do Mundo na África do Sul. Temos de prontos para celebrar agora a Vitória do Mundial. E já que o meu Sporting anda pelas ruas da amargura salva a honra do convento a vitória da selecçaõ Nacional, e longe ficam as críticas do treinador ou dos jogadores. O Sporting está mergulhado numa crise que não adianta tentar esconder. O grande mal do Sporting é, na minha opinião, de natureza estrutural, começa bem lá no topo da pirâmide. E se o bom futebol praticado em tempos escamoteou essa realidade, seria lógico que, mais cedo ou mais tarde, se chegasse ao ponto actual. Era inevitável que o desempenho dentro do campo começasse a reflectir a inadequação do projecto leonino.


Existem muitas pessoas que protestam contra a apatia do povo aos problemas sociais do país e sua exaltação ao futebol odiando este desporto, porque uma coisa não tira lugar à outra. Acredito que o futebol tem um lugar priveligiado em relação a outros desportos, deve ser dada oportunidades aos outros desportos, embora reconheça que por razões culturais ele tem um peso muito grande na nossa sociedade. E, como tudo o que movimenta dinheiro esou influências está sujeito à corrupção, não é o futebol que deve ser posto em causa mas os que se movimenta dentro dele para esses mesmos interesses. Mas, hoje, um pouco levado pela alegria de vitória temos de a saborear. Está-me no sangue, é mais forte do que eu.
Adoro torcer, vibrar pelas minhas equipas e que são Sporting e como é óbvio a Selecção Naciuonal . Gosto da adrenalina de passar 90 minutos acompanhando as bolas na área, as tentativas frustradas de golo, 10 minutos ainda dá tempo, termina o jogo e fica-nos a desculpa que o árbrito é filha da puta (ser mãe de árbrito não é muito honroso). Estas e outras irracionalidades dão sal ao futebol quando nãs elevadas ao seu exponencial máximo e partir para a obsessão ou violência, porque futebol é mais que único meio de conservar no homem as qualidades do homem primitivo.Ontem os adeptos da Bósnia foram um pouco exemplo disso mas, também está presente no futebol nacional.

Albert Camus, um escritor e filósofo nascido na Argélia, viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor. Camus era o guarda redes da seleção universitária, o seu amor para com o futebol seguiu-o durante toda a vida, referiu: "Tudo quanto sei com maior certeza sobre a moral e as obrigações dos homens devo-o ao futebol." Todos os sentimentos que o futebol fazem -nos compreender quanto somos estrangeiros em nós próprios.



Pensem nisso



António Veiga

Eles que partem

Portugueses emigration is not a recent fact but has always been present in the Portuguese society
Le Portugal a toujours été un pays d'émigration
Portugal siempre ha sido un país de emigración
Il Portogallo è sempre stata un paese di emigrazione

Portugal desde sempre foi um país de emigração, só recentemente e após um moderado desenvolvimento económico é que se começou a viver a imigração. Nalguns casos, extremamente injustos com os mesmos, esquecendo a tendência emigratória que Portugal viveu e espalhou sangue Portugues por todos os cantos do mundo. Não só sangue português mas também cultura e o sentir português. Muitos dessas situações que actualmente ainda se vivem foram não só casos de sucesso mas muitos dramas humanos e familiares se viveram e que muitas vezes sublimamos. A análise da emigração portuguesa testemunha as vicissitudes  realçando uma vez mais na sua história a relação destas saídas, com o estado de desenvolvimento de Portugal e com a evolução do mercado de mão-de-obra internacional e a actual é o exemplo disso. A existência de variações muito significativas desde o início do século XV, quando da descoberta das Ilhas Atlânticas dos Açores e da Madeira, seguida do povoamento destes territórios. Desde então, é de realçar a enorme saída da população portuguesa para África e para as Índias Orientais e Ocidentais, facto que passou a ser uma constante desde o início do século XVII após a descoberta das minas de ouro e de pedras preciosas no Brasil e o arranque da emigração para estas paragens. Em relação à evolução deste movimento durante a primeira metade do século XX assinalamos o seu incremento até 1914 e uma quebra acentuada no decurso dos anos seguintes em consequência das guerras e da crise económica.O incremento dos movimentos da população no continente europeu sobretudo no período posterior à segunda guerra mundial, constitui um dos sintomas do processo de desenvolvimento e de mudança social que experimentou o velho continente no período de reconstrução e de expansão económica que se seguiu àquele conflito armado. Em relação a esses  períodos  destaca-se a saída, entre 1955 a 1974, cerca de 2 milhões de portugueses.
As oportunidades de emprego então registadas em toda a Europa ocidental e a proximidade de Portugal a estes países, permitiu que a emigração se tenha espalhado a todo o território afectando especialmente as áreas rurais e menos desenvolvidas do continente português. As razões forma não só de natureza económica relacionadas com o nível de vida, as fracas oportunidades de emprego existentes nas regiões rurais e a incapacidade do tecido produtivo em absorver os contingentes de assalariados e de trabalhadores libertos das actividades agrícolas e de subsistência, contribuíram para acelerar este movimento. Houve um decréscimo nos anos 80 e 90 do século passado e o tipo de emigrantes também mudaram, assim como os destinos. Actualmente começam-se a fazer sentir de novo fenómenos emigratórios alguns deles simulados como a procura de Espanha para trabalho semanal face à proximidade geográfica e para determinadas profissões como o caso daconstrução civil associado ao decréscimo da mesma no nosso país.
A dimensão deste fenómeno nas suas vertentes: emigração legal e emigração clandestina e sua expressão em todos os estratos etários da população, cerca de 5 milhões (metade da população portuguesa no território nacional), sobretudo na população jovem e adulta, confere uma problemática a vários níveis não só o económico, como o cultural, o social e consequentemente o familiar, não foi por mero acaso que às esposas dos emigrantes chamam viúvas de vivos. As repercussões nas famílias é sem dúvida uma vivência defraudada e esquecida neste fenómeno que eu ilustrei em experiência própria num texto pessoal de memórias:

Era uma vez uma casal fruto da vida árdua de caseiros de uma quinta, tudo era muito campestre mas as suas ambições eram goradas pelo caos económico financeiro que as pessoas da sua condição estavam sujeitas e com o nascimento dum filho as coisas tornavam-se tornavam-se mais complicadas nomeadamente a procura de um futuro melhor. Acabam por se arrastar pelo sonho da emigração nomeadamente para França primeira ele. Sai deixando para trás uma família quebrada, e endividada por causa do dinheiro da viagem e do que teve de pagar ao “passador”. Rasgando caminhos desconhecidos além fronteira vai calcorreando a pé até almejar a “terra prometida”: França.
Exaustos de longas caminhadas na noite e da fome acabam por descansar numa quinta e serem apanhados pela Polícia que os deteve e a humilhação de ser preso vai ficar registado como uma mácula no seu passado, ferindo o seu orgulho de Homem honesto e de bem. Depois de uns dias detido é repatriado num comboio de mercadoria, sem esquecer a refeição que lhe fora servida antes da viagem. Ao regressar a Portugal a família recebeu com um marejar de lágrimas misto de alegria e tristeza. Agora o problema agravara-se e teria de ir trabalhar para as minas de volfrâmio onde se pagava mais que o amanhar da terra. Depois de um ano passado, o sonho do “El dourado” francês acaba por lhe valer nova tentativa, a pé e escondidos do mundo vão rasgando a noite em busca desse sonho. Finalmente chegados vão se sujeitando a todo o tipo de trabalhos, o que importava era conseguir os papeis e simultaneamente alimentarem as famílias longínquas que as encontravam entre palavras cheias de erros ortográficos e demandadas em envelopes algumas vezes fechados com um beijo como se o destino desse beijo tivesse também endereço certo. Com a estabilidade dum emprego a saudade da família vai sendo cada vez mais forte e insuportável o cruzar da correspondência já não é suficiente para “matar” saudades. A família parte ao seu encontro, ela de olhos postos no futuro e o pequenito de olhos arrepiados de tantas coisas diferentes de tantas pessoas esquisitas de tantas coisas bonitas. Porém, era difícil esquecer toda aquela lama que rodeava os “batiments”, a terra que os albergava apenas lhe oferecia o sonho porque a realidade que lhe dava era madrasta e as horas eram exíguas para estar com a família porque o trabalho era absorvente. No verão seguinte olhando às condições que tinham resolvem ser melhor para o pequenito ficar com os avós. Foi estranha aquela despedida, ao deixarem o pequenito estacado naquela estação agarrado à mão da avó materna a ver a mãe e o pai envoltos em lágrimas e debruçados sobre a janela do comboio acenando com os braços como que a quererem agarrar-se a um país que teimava em os empurrar para o desconhecido. Hirtamente aquele pequenito não chorou uma só lágrima, apenas naquela noite à escondida de todos foi buscar a foto dos pais que escondeu no seu quarto entre a enxerga de palha que lhe abafou os soluços da ausência da mão de sua mãe sobre o seu cabelo.
Porém sonhador brincava com as coisas que o rodeavam e tudo servia par o levar em viagens longínquas, era uma criança que seguia os passos do avô enquanto ele amanhava a terra e aprendeu com aquele homem tisnado pela vida e pelo sol grandes lições de vida, vive a frustração duma inteligência abafada no seu analfabetismo, porém é o ponto de partida para o seu anseio em aprender a ler, sendo ele o seu primeiro professor ao ensinar as letras que tinha decorado numa velha lata de petróleo que jazia a um canto daquela cozinha. Calcorreando os 5Km que o separavam da escola com duas batas cozidas nos dias de mau tempo no bolso para que as mãos não arrefecessem lá ia ele contente nos seus sonhos e ambições, o gozo de ser ele a ler as cartas de seus pais era potenciado com o olhar orgulhoso dos avós que tudo faziam para ele estar bem, nem que fosse um bolo embrulhado num papel pardo que às 2ª e sábado traziam do mercado da Guarda aquando iam fazer as vendas na praça da respectiva cidade.
O Verão havia mais cor porque finalmente a família juntava-se e era bom aquele pequenito sentir a mão da mãe a fazer-lhe mimos no seu cabelo e os olhos a doarem-lhe toda a ternura, era um quadro maravilhoso deveras colorido para ser pintado!


Muitos Portugueses viveram a emigração, não é um tema esgotado pelo tempo porque aos tempos  vão imperando com novos el dorados, diferentes é certo mas não podemos deixar de pensar as sua implicações a todos os níveis e não a encaramos de forma brejeira ou fugaz. A emigração Portuguesa talvez continue a ser a ilustração de tempos idos e o gosto dos portugueses conhecerem e explorarem novos mundos, mas como todas as aventuras tem preço, e para lá das vantagens há muitos senões que devem ser bem ponderados ou simplesmente analisados.

Pensem nisso

António Veiga

Toldar o olhar perder os Horizontes

Drug addiction is a scourge that increasingly plagues modern society
Las drogas son un flagelo que cada vez más plaga  la sociedad moderna
La toxicomanie est un fléau qui sévit de plus en plus la société moderne
La tossicodipendenza è una piaga che affligge sempre più la società moderna
Hoje ao estacionar o carro, lá estava o acostumado arrumador, de olhos mortiços, de olhar toldado, com horizontes perdidos, sugeria a dádiva duma moeda para juntar às outras, afim de comprar mais uma dose. A toxicodependência é um flagelo que cada vez mais assola a sociedade moderna e Portugal não é excepção. Talvez imperasse uma reflexão sobre a mesma duma forma mais cuidada e com menos tabus. Talvez seja necessário interrogarmo-nos se a legalização das drogas leves possa ser uma forma de dissipar alguma criminalidade que lhe está inerente. Um olhar mais atento e a epidemia de arrumadores fazem-nos na maioria dos casos reportar ao fenómeno da toxicodependência, mas os toxicodependentes não são iguais, são mesmo muito diferentes uns dos outros. Fica assim uma resenha da toxicodependência, para melhor se poder reflectir. e compreender. Fica também a sugestão da leitura da obra de J. Machado Pais - Traços e Riscos de Vida;1999
Prevalece a opinião que a droga é a principal causa dos problemas. Mas é ao contrário., Os problemas é que são a causa da importância que a droga ganhou . A explicação da toxicodependência não depende de um ou de alguns. Depende da combinação de todos.

O Ser. A toxicodependência é um problema do Ser, mas as explicações devem ser procuradas nas circunstâncias do Ser. As drogas, as pessoas com problemas, as suas vidas e as suas famílias, as instituições sociais como a Família, a Escola, ou Trabalho e a Rua. As cidades e a sociedade. A televisão e as outras formas de ilusão. A política e a economia.
As drogas. Os efeitos das drogas nas pessoas é uma vertente da explicação do problema. As drogas produzem uma ilusão de bem estar e de poder. Esta ilusão é artificial, mas as pessoas habituam-se a "ser" assim e só o conseguem com drogas.
A dependência e a negação, são também razões fortes para explicar esta doença.
As pessoas. As pessoas que se tornam dependentes são outra perspectiva necessária para compreender o problema. Histórias de vida e formas de ser diferentes: por exemplo, uma ideia pobre de si mesmo, uma expectativa inadequada sobre a vida, uma sede e viver e de vencer depressa, o medo exagerado do futuro, o sofrimento de Ser que se torna insuportável para alguns...
Famíla, Escola e Rua. Família desorientada, desagregada pelo individualismo dos nossos dias. Escola massificadora, que oferece pouco e não deixa procurar mais. Família e Escola que não atinam na missão primordial que é educar, que é formar o Ser. A Família perdida que se demite das suas responsabilidades. A Escola que nunca poderá substituir a Família. E para os jovens pouco espaço sobra para encontrar o sentido das suas vidas, para encontrar o Ser. Falta o rumo e o Ser.
Trabalho e Família. Muitos perdem-se antes de chegar a altura de ter um trabalho. Mas outra das guerras do nosso tempo é entre a Família e Trabalho. O Trabalho desvaloriza a Família. Somos o que fazemos, somos o nosso trabalho. Somos no presente e esquecemos os nossos filhos que ainda não são nada. Crescer na Família é essencial ao Ser. É aí que se forma a raiz do Ser. Crescer mais, na Escola, na Rua e no Trabalho só é possível a partir dessa raiz. Equilibrar a Família e o Trabalho é um dos desafios que o nosso tempo coloca a cada um para continuarmos todos a ser
Cidade. Massa enorme, disforme, de pessoas sem identidade e sem Ser. A droga é a expressão máxima da vida das cidades, da vida sem Ser. É a massa da cidade que está a matar o respeito que o ser humano tinha pelo Ser.
Sociedade. Individualismo e materialismo exacerbado. Tudo tende para o coisificado, para o não-Ser. O Ser (humano) isolado não é Ser, é coisa entre coisas. O Ser (humano) constroi-se e cultiva-se na relação com outros Seres. É do respeito pelo outro que nasce o respeito por nós próprios e o sentido de uma existência digna e responsável. A ilusão, o prazer imediato a glória a qualquer preço, a fama  que os meios a TV alicia e divulga leva a  que não dar tempo para sentir, para pensar, e muitas vezes copiar o errado, embora hoje mais minimizado pelos especialistas, talvez pela tomada gradual dessa consciência.
Política e Economia. A droga é um problema social e global, ou seja, é um problema político. Cabe aos políticos a visão. Cabe-lhes definir a estratégia e promover a mobilização da tal responsabilidade de todos e de cada um. Infelizmente costumam gastar oo tempo em problemas mais de remediar que colmatar e fazem legislação mais como manobra estética que efectiva. Quanto à economia, todos sabemos que a droga é um dos maiores negócios do mundo. Há países economicamente dependentes. Depois os tentáculos do polvo chegam a todo o lado. Não podemos dizer que a política e a economia criaram sozinhas este problema. Podemos dizer que contribuíram para este problema nascer e crescer. Podemos dizer que a sua contribuição para gerir este problema é indispensável.
Uma droga é uma substância que pode ser fumada, inalada, engolida ou injectada e que provoca alterações comportamentais e físicas. As sensações que advêm dessas alterações são agradáveis para os utilizadores dessas substâncias, mas os indivíduos que recorrem a elas ficam progressivamente mais dependentes do seu consumo. A ligação à droga pode tornar-se tão forte que retira o interesse da pessoa por outros aspectos da vida. Há quem defenda o tabaco e ao álcool como drogas porque se podem enquadrar nestas definições, embora se continue a catalogá-las de manrira diferente. O tabaco também provoca dependência e é prejudicial à saúde, mas não provoca a alienação do seu utilizador nem o seu desinteresse pela vid, actualmente alguns autores atribuem aos componentes do tabaco perturbadores do "normal comportamento psicológico." Quanto ao álcool, ingerido em pequenas quantidades é até benéfico para a saúde, mas se consumido em excesso pode ser causa de diversas doenças e acidentes mortais, podendo ter efeitos nefastos e similares à droga como alucinações : o delirium tremens.
Existem algumas drogas que são consideradas leves por terem menores efeitos no organismo humano e por não provocarem um nível de dependência tão grande. Mas esta distinção nem sempre é a mais correcta, pois todos os tipos de droga levam à dependência mais ou menos profunda: só depende do tempo e da dose utilizada. Por outro lado, não é invulgar um toxicodependente começar pelas drogas mais leves e passar em seguida para substâncias mais fortes.
Muitas vezes a dependência pode não ser apenas provocada pela substância em si, mas pelo facto de ser necessário ingerir uma determinada quantidade periodicamente. Essa necessidade acaba por afectar aspectos profissionais, pessoais e sociais do indivíduo, podendo mesmo tornar-se o centro da sua vida, destruindo tudo aquilo que o indivíduo gostava de fazer.
A droga provoca alterações ao nível do sistema nervoso central podendo modificar o modo de pensar, de sentir e de agir. Os efeitos da droga variam conforme o tipo de substâncias, o estado físico e psicológico do consumidor e o contexto em que se ocasiona o consumo. A droga vai dominando e empobrecendo a vida. Diariamente, o toxicodependente pode viver situações de risco de vida, ora por excessos de consumo (overdose), ora por ter determinados comportamentos (utilização de seringas infectadas e/ou relações sexuais sem protecção), os quais podem originar doenças incuráveis.
A relação com a droga pode levar, em casos de grande dependência, a problemas com a justiça, devido a assaltos e outro tipo de roubos. E isto acontece, devido aos preços que a 'economia' da droga a nível mundial estabelece, porque à custa da dependência de uns, enriquecem outros. É muito importante que os jovens tenham conhecimentos que lhes permitam compreender esra tão complexa problemática, de forma a facilitar a criação de mecanismos de defesa nas situações de risco de consumo.
A curiosidade, a pressão do grupo e o gosto pelo risco são as principais causas que levam os jovens a experimentar a droga. A fuga a determinados problemas afectivos, de ordem pessoal ou familiar é uma razão comum, tanto nos jovens como nos adultos. O percurso do consumo de droga está intimamente ligado à dependência que esta cria no consumidor .O consumidor sente um intenso desejo de se drogar (dependência psicológica). O organismo fica dependente da droga e a falta desta provoca um grande mal estar físico (dependência física). Para conseguir o efeito desejado, o consumidor tem necessidade de ir aumentando a quantidade de droga.
Dependência

Há vários tipos de drogas psicoactivas. Podem distinguir-se pela sua origem geográfica, pela forma como são produzidas, pelos seus efeitos, pelo perigo associado ao seu consumo, pela forma como são vistas em diferentes culturas e sistemas jurídicos, etc..
Mas mais importante que as diferenças é o que estas substâncias têm em comum. Uma característica fundamental comum a todas as drogas psicoactivas é a dependência que podem provocar a quem as consome.
Existe a dependência física, que corresponde a uma adaptação inadequada do organismo à droga consumada regularmente. Quando esta falta, o organismo ressente-se de uma forma que provoca grande sofrimento no consumidor. Como é sabido, nem todas as drogas provocam este tipo de dependência.
Existe outra forma de dependência que pode ser provocado por todas as drogas psicoactivas e que é muito mais grave: é a dependência psicológica. Trata-se de um processo em que a droga toma progressivamente conta da vida do seu consumidor. Associa-se geralmente a uma ilusão de poder e de controlo dos problemas e a uma negação da dependência. O consumidor não se apercebe do que lhe está a acontecer e não aceita os avisos dos amigos e familiares. Chega a um ponto em que a droga é a única razão de ser e de existir dessa pessoa. A família, a escola, o trabalho, os amigos, tudo deixa de interessar. Neste estado, a recuperação é extremamente difícil pois retirar a droga à pessoa equivale a retirar-lhe a razão de viver. É o vazio absoluto, que se torna insuportável para qualquer ser humano.
Efeitos de Drogas mais usadas
Cocaína
A cocaína é originária da folha da coca.
É frequentemete injectada, inalada ou toamada por via oral (sob a forma de crack). Cria uma dependência psíquica grande e sendo injectada, cria também grande dependência física.
Em relação aos seus efeitos, o seu uso habitual cria excitação, autoconfiança e irritabilidade. A sobredosagem de cocaína, cria, por seu lado, uma reacção ansiosa aguda, irritabilidade, depressão, sensações paranóides e psicose cocaínica (alucinações tácteis).
A longo prazo, o consumo de cocaína provoca: ulceração do septo oral, psicose e criminalidade.
Ecstasy
A sensação criada pelo ecstasy, de bem-estar e alegria, conjuga-se bem com o prazer procurado pelos jovens no fim de semana, nas discotecas e nas raves.
Apresenta-se sob a forma de comprimido e, por ser uma droga recente, os seus efeitos alongo prazo não se podem determinar com rigor.
No entanto, o uso e abuso desta droga pode ser mortal, principalmente quando combinado com outras drogas ou alcoól.
Haxixe
O haxixe são as extremidades e a resina do cannabis (folhas e flores). É frequentemente fumado ou tomado por via oral.
Cria grande dependência psíquica e a dependência física é nula, mas possível.
O uso habitual de cannabis ou haxixe, provoca relaxamento,euforia, diminuição das inibições e aumento do apetite na fase final do efeito.
A sobredosagem cria pânico e o seu uso a longo prazo cria debilitação, e síndrome amotivacional.
Heroína
A heroína deriva da morfina e pode ser injectada, fumada e snifada. Cria grande dependência física e psíquica.
O seu uso habitual alivia a dor e a ansiedade e cria euforia. A sobredosagem pode causar miose, depressão do sistema respiratório, edema pulmonar, baixa de temperatura e morte.
A longo prazo o consumo de heroína pode causar: letargia, obstipação, impotência, amenorreia, doenças físicas, por vezes graves, criminalidade e morte.
LSD
O LSD é uma droga sintética.
É tomada por via oral.
A dependência psíquica que cria é baixa e fisicamente, a sua dependência é nula.
O uso habitual tem os seguintes efeitos: alterações das percepções, especialmente das visuais, alucinações, pânico, flashbacks e midríase.
A overdose de LSD cria ansiedade, pânico, alucinações, tremores e psicose.
A longo prazo, o LSD cria pânico, más viagens, alucinações e psicoses.
Ópium
Apesar do ópio ter sido sempre utilizado com fins medicinais, actualmente as quantidades transaccionadas pelo munod inteiro, não têm esse fim. O ópio é trazido para ser preparado quimicamente, para produzir morfina e codeína, principalmente. Embora a morfina seja agora utilizada com fins medicinais, o tráfico de ópio continua a ter destino no mercado das drogas. Alguns dos componentes químicos do ópio, não têm, no entanto, consequências graves para o organismo humano.
Solventes
Esses refinamentos recorrem não só á utilização do consumo de álcool, mas também de
Os solventes são de origem sintética. São, mais frequentemente, inalados.
Criam grande dependência psíquica, embora a dependência física seja nula.
Em relação aos seus efeitos, o consumo habitual de solventes cria relaxamento, euforia e uma sensação de flutuar. A sobredosagem, por seu lado, cria ataxia, por vezes asfixia e morte.
A longo prazo o consumo de solventes provoca danos cerebrais, hepáticos e da medula óssea, e morte.

A toxicodependência não é entendida como uma doença comum pela generalidade das pessoas. Muitos negam mesmo que se trate de um problema de saúde. Esta ambiguidade relativa à toxicodependência é semelhante à ambiguidade com que a sociedade sempre encarou os problemas mentais em geral. A principal razão destas dúvidas resulta da impressão de que as pessoas com problemas mentais são fracas e paradoxalmente, a impressão que essas pessoas são responsáveis pelos seus problemas. Se vivemos todos no mesmo mundo, sujeitos às mesmas pressões e dificuldades, porque apenas uma minoria se torna mentalmente perturbado? A resposta evidente é simples: porque nós, os equilibrados, somos fortes e eles, os desiquilibrados, são fracos. Mas as realidades humanas escapam sempre às respostas simples e evidentes.
 
Pensem nisso

O culminar da vida

Death is not punishment but as the culmination of a life.
La muerte no es castigo, sino la culminación de una vida.
La mort n'est pas la punition, mais l'aboutissement d'une vie.
La morte non è la punizione, ma il culmine di una vita.

O nosso trabalho condiciona a nossa maneira de estar, agir, pensar e sentir. No exercício da minha profissão várias vezes tenho assistido ao terminus da vida, facto que não só interfere com o próprio e os entes queridos mas é transversal a todo o pessoal da saúde, a quem mais do que a morte o sofrimento é mais traumatizante. Os profissionais de saúde têm uma responsabilidade grande em discutir e reflectir sobre a questão de modo que possam oferecer um cuidado autêntico com o ser humano, a questão da morte como parte inerente à existência humana, atentando para a necessidade de se compreender as relações de cuidado e as formas de relacionamento humano para melhorar a acção dos profissionais de saúde para compartilhar com os doentes num momento existencial que pode e deve ser vivido com dignidade. É um momento marcante para todos os profissionais, por muita rotina lhe esteja associada, lembro ainda o poema que redigi em 1984 quando assisti à morte dum doente numa luta desigual com um tumor:


A dor humana

Corpo corroído e dorido na mágoa
sofres a taciturnidade
que soturnamente albergas!
Vives a dor amarga
revestida de lágrimas
amassadas de sofrimento vil.
Crês no futuro,
num sorriso iluminado
de esperança bonina,
perdida num primeiro sinal .
Aguardas morosamente irrequieto
o terminus da luta.
Olho-te magoado na profissão que vivo,
desculpo-me na rotina
que tão fragilmente me protege.
Sofremos!...
Como sofredores implacáveis,
mas tão paralelos!
Tu sofres humano dorido
e, eu sofro
com a dor humana!!

 
António Veiga
Hospital Distrital da Guarda, 10/7/1984

in "Poemas Completos"


Desde sempre que o Homem procurou como ser " superior" fugir a este desígnio de todos os seres vivos. Cada civilização foi obcecada, visível ou invisivelmente, pelo que pensou sobre a morte, desde os primitivos, egípcios, celtas, maias, etc. Não há nada mais aliciante que poder desfrutar da beleza da vida, poder usufruir de todas as maravilhas da vida, morte é de facto o fim, no entanto não é a finalidade da vida. Mas, não passará isso duma análise idílica de vida, será que a vida em muitos dos seus momentos não é ela própria uma carrasca, quando sofrimento é atroz ou quando os próprios progenitores são causa de sofrimento de muitas crianças a quem a sociedade fecha os olhos ou tardiamente os abre? Óbvio que nestas vivências de desespero alguns nada encontrarão de belo na vida. É bem verdade, que quando algumas pessoas são portadoras de uma deficiência física ou neurológica, também podem ter plena alegria e prazer em viver. Se existe obstáculos é de ordem de preconceitos. Infelizmente, o preconceito é uma deficiência do ser humano, mas nada que através de minimização das barreiras não se consiga superar, assim como o empenho do estado nesse papel. É um facto que o homem, desde sempre aspirou à imortalidade, vive preocupado em viver muito e não em viver bem quando afinal não depende dele exclusivamente viver muito, mas sim viver bem”.

 O conceito que o homem faz da morte varia de indivíduo para indivíduo, em função da sua educação, da sua filosofia de vida ou religião que professa, bem como da sua maturidade e grau perspectiva da própria vida. Embora nos tempos actuais se assuma como dado adquirido o prazer acima de tudo, nomeadamente o imediato e haja uma tendência de atribuir à medicina o fracasso das mortes, porque acredita-se ou pretende-se acreditar que quando alguém com 99 anos recorre ao serviços Hospitalares e morre a culpa da morte foi indubitavelmente dos serviços. A idade é em muitos dos casos, condicionante para o sucesso de cura ou tratamento das patologias, apetece-me dizer que morte está escondida nos relógios.

Assiste-se também a um "empurrar" por parte da sociedade dos idosos e deficientes para os serviços de saúde condicionados muitas das vezes pela pressão do mercado de trabalho e financeiras que eles acarretam, e mesmo que a maioria das estruturas arquitectónicas das casas em Portugal limita. Agravando-se pela falta de apoio que o Estado destina a esses agregados familiares. Ouvem-se barbaridades quando se comunica à família quando um idoso tem alta, pessoalmente já ouvi um filho que não levaria o pai de 75 anos com uma fractura trocantérica operada em recuperação, para casa e deveria ser o Hospital a resolver para onde o mandar, se não conseguisse que o pusesse no lixo, provavelmente ilustrando as limitações do próprio do filho quer em termos sociais como económicos. Com o aumento dos cuidados de saúde aumentou-se a esperança média de vida mas para uma sociedade consumista e mercantilista quem deixa de produzir é visto por maus olhos pela sociedade que os encara como fardos, sendo visível a falta de respeito pelos idosos, não se aproveitando esse saber para os mais novos, acabando-se por emparteleirá-los. A vida humana estendeu-se e o que havia nela encolheu. A vida humana é assim vagarosa, «objectivamente» vagarosa, mas o que acontece dentro dela é rapidíssimo.


Normalmente há o cuidado de esconder ou ignorar a morte ao longo das diferentes idades do Homem, tendo as religiões um papel na  sublimação desse estado final da vida. Há cientistas que defendem que os indivíduos com fé acabam por encarar a morte duma forma mais serena, mas a prática tem-me mostrado que a morte parece menos terrível quando se sofre muito. Talvez devêssemos evitar o pensamento actual a morte não nos diz respeito nem a mortos nem vivos: Vivos, porque ainda o estamos, mortos, porque já não existimos. Ousado será pensar que devíamos entender a morte não como um castigo mas como o culminar duma vida.

A força da intervenção dos órgãos de informação motivada pelas pressões culturais, socioeconómicas e políticas condicionam a análise que fazemos dalgumas mortes: vivemos obcecados pelas notícias de morte da gripe A, como epidemia grave que é, no entanto esquecemos, não noticiámos e desvalorizámos as múltiplas vítimas da gripe sazonal nestes anos todos ou mesmo as vítimas de acidentes de viação e de trabalho que anualmente já mataram mais que qualquer epidemia.

Pensem nisso

António Veiga


 
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