A água por uma gota

A drop of water slowly slides challenging my look!
Una gota de agua se desliza despacio perante mi mirada!
Une goutte d'eau glisse lentement et défiait mon regard!
Una goccia d'acqua scivola lentamente impegnativo de mi guarda!

Uma gota de água lentamente desliza desafiando-me o olhar! Desliza pelo vidro empurrada pela gravidade, sinuosamente mas, com uma graciosidade que a luz ao atravessá-la lhe permite uma multiplicidade de cores, destacando-a de outras gotas., como pequeno diamante líquido capaz de amenizar a secura e agrura da vida A gota continua a deslizar, espreguiçando-se nos meus pensamentos, enquanto persegue as outras, num percurso de 3800 milhões de anos e que uma vez mais a ciclicidade se repete só para tornar a natureza mais bela. Prenhe das reacções químicas, calcorreando céus, terra e mares, arrasta consigo vida. Fugindo-me do olhar escorrega-me nos pensamentos, dando voz ao canto do riacho que alimenta o rio e se perde no murmúrio do oceano, deixando para trás uma história por contar.

Fugindo sempre mas com regresso marcado perde-se no tempo e na imensidão, provavelmente já nem se lembra se foi a fusão dos gases que a germinaram se a celta Sulis a jorrou como elemento do "tatvas" tornando Peneus mais sublime. Cristalina atravessa toda a humanidade, que viu nascer, purifica Cristãos, Hindus, Judeus, Islâmicos, Xintoístas e Wiccas, sempre presente em orações e rituais remete consigo todos os seus pecados. Demora-se ouvindo os gritos de Eureka dum grego ou nos engenhos dalgumas civilizações que a fazem rodar, subir transpor trajectos impossíveis.
Cumpre tarefas impossíveis como lavar a peste dum mundo tão escuro quanto o sofrimento e a maleita. Brinca com da Vinci, aprende leis e conhece propriedades incomuns mas orgulha-se porque descobre que são essenciais à vida e dá todo o vapor às máquinas que a pressionam. Ela uma gota pura tem a sua maior densidade a 3,984 °C e tem valores de densidade menor ao arrefecer que ao aquecer. Por ser uma substância estável na atmosfera, absorve a radiação infravermelha, crucial no efeito estufa da atmosfera. Desvairada de contentamento pelos seus poderes atravessa a célula e fica á mercê das suas membranas e enfrenta toda as suas hidofobias. Queima-se no arrefecimento de reactores e sente-se quase a desintegrar, mas que importa é mais um passo da humanidade. Perde-se entre fumos e nuvens com cargas tão pesarosas que a vão tornando cada vez menos límpida e mais pesada.

Vê a vida por esse mundo fora a andar tão depressa que tem dificuldade em a acompanhar, talvez esteja perdendo vida. Talvez seja a vida que a esteja a perder e com ela milhões, biliões de gotas de água. Lançando um grito de protesto pinta-se de todas as cores por esses rios fora, mata com os venenos que lhe diluíram empurrando os resíduos duma civilização doente, deixa-se envolver na eutrofização e envolve-se com algas fatais ou invadida de doentios micro organismos. Ela, uma, simples gota de água, que as chuvas empurraram contra ao vidro da janela sentia que apesar do seu brilho ainda se notar, aprendera nos seus múltiplos ciclos que a sociedade consumista está organizada para produzir e desfrutar de sua riqueza, progresso material e bem-estar, mas descura a água, nos países pobres, a poluição é resultado da pobreza e da ausência de educação de seus habitantes, que, assim, não têm base para exigir os seus direitos de cidadãos, o que só tende a prejudicá-los, pois esta omissão na reivindicação de seus direitos leva à impunidade às indústrias, que poluem cada vez mais, e aos governantes, que também se aproveitam da ausência da educação do povo e, em geral, fecham os olhos para a questão, como se tal poluição não atingisse também a eles,

Absorto nestes pensamentos, despertei para a paisagem que se deparava no vale para onde a janela se espraiava e que doentiamente o Vizela lá continuava o seu percurso, sozinho, seco das águas que os governantes desta terra meteram e vão metendo, tal qual a gota também mantinha o seu ciclo, tinha de ser rápido queria se despedir das termas e talvez ainda visse os últimos clientes do Hotel. Mas, ele estava tão sujinho nem sabia se havia de espreitar, podia-os espantar . Abrançando a gota lá foram cruzando novos caminhos, talvez quando voltassem os governantes terão cumprido as promessas, por finalmente perceberem:


  • não há vida sem água; a água é um bem precioso indispensável a todas as actividades humanas;

  • a água é um património de todos e todos devemos reconhecer o seu valor, que sem ser um negócio é um bem essencial;

  • alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do homem e dos outros seres vivos.
Pensem seriamente ni
sso
António Veiga

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