Memórias no Tempo

InterRail ... Explore Europe up to one month by train. It's an adventure that mark for life
Découvrir l'Europe par le train (jusqu'à un mois), est un voyage dans les temps
InterRail...Viajes de jovenes en busca de sí mismo
Viaggiare è crescere! Il interrails è un viaggio per l'amicizia!
Hoje apetece-me fazer um devaneio como um pequeno passeio pelo Tempo em direcção ao Futuro trazendo à memória momentos que desejava parar o relógio e saborear. A adolescência é sempre uma das idades onde essas viagens podem ser tenebrosas mas também, como no meu caso, serem gratificantes. Nos finais dos anos 70, princípios dos 80, após ter a oportunidade de viver uma revolução política no meu país, sentia-se mudanças todos os dias, havia no rosto das pessoas um semblante de confiança, e o que muitos clamavam como instabilidade a maioria senti-a como uma nova oportunidade. Respirava-se liberdade e é numa Europa em pleno fervilhar de evoluções que surge a oportunidade de fazer inter-rails.
A permuta de experiências com as comunidades visitadas e com os conhecimentos e amizades conseguidas com jovens de várias nacionalidades permitiram experiências de vida extasiantes, com um aporte de cultura inerente. Era possível atravessar a maioria dos países Europeus à boleia e/ou de inter-rails  com uma mochila às costas, inserido num grupo de desconhecidos que facilmente se tornaram amigos, parceiros e parceiras de jornada. A maioria deles diluíram-se na memória dos tempos outros ainda permanecem como imagens vivas podendo levar este blog ainda mais além que o nosso pensamento permita, como em tempos fizemos. O conforto duma tenda tipo canadiana era suficientemente confortável, vivia-se experiências demasiado absorventes providas de um conjunto de sentimentos com os quais se condimentavam com paixões. Houve momentos que o grupo se conseguia manter com 10 nacionalidades e de uma forma ou doutra comunicar e semear tertúlias acesas que duravam uma noite inteira em torno duma fogueira que se centralizava entre a disposição das tendas.
Lembro-me que nalgumas dessas noites após a recolha temporã dalguns jovens, os verdadeiros resistentes e amantes da noite ( espanhóis, os italianos e os portugueses) foi possível elaborarmos alguns devaneios intelectuais cada um na sua língua materna e perfeitamente perceptíveis e eloquentes para as nossas perspectivas. Comunicar implicava essencialmente a vontade de ouvir e partilhar, por inerência tornava-se fácil compreender. Formávamos assim anualmente uma pequena comunidade de jovens, rapazes e raparigas, de múltiplas nacionalidades que calcorreavam a Europa à procura de novos horizontes mas sobretudo em busca de si próprios. Cada um no seu país servia de anfitrião e atento convidado nos outros países que frequentava.
Todas as experiências contavam pouco importava as origens, a nacionalidade ou a região, interessava sim o espírito de grupo, que em determinadas situações, viveu também graves dificuldades financeiras e houve que apurar o melhor que cada um de nós podia dar em prol de todos. Imperava criatividade, e foi momentos como esses que superei a timidez e dedilhando na viola consegui fazer interpretações de música popular portuguesa acompanhado de um coro de jovens suecos, espanhóis, italianos, holandeses, etc., que muito pouco sabiam da língua lusa, em frente da catedral de Milão, sendo a capa viola o colector do "Cachet" que os transeuntes nos prendavam, mas o suficiente para mais uns dias de sobrevivência. Outras vezes, sobre pequenas telas libertávamos a nossa veia plástica que procurávamos trocar por uns trocados, alguns com grande destreza e outros com menos, no entanto todos com muita vontade, ainda hoje o meu gosto por pintura e pintar tem aí as suas raízes. Conseguíamos com alguma facilidade oferecer e prestar serviços a troco dum soldo ou simplesmente duma dormida.
Foram, sem dúvidas tempos que praticamente desprovidos de consumismo mórbido, no conjunto representou uma mais valia na nossa formação. A perda de tempo nas fronteiras nessa época era algumas vezes uma dor de cabeça, que nos obrigava também ter algum engenho e arte para as suplantar, desafiando clandestinidades. Hoje, com maior abertura de fronteiras talvez seja mais difícil este tipo de vivências, talvez porque as vontades e os desejos sejam outros, os riscos também.
Talvez hoje sentisse de forma diferente porque os tempos são outros e o acumulado de vida é outro. Se há coisa que muda o Homem é o tempo, quer física, biológica, psicológica e socialmente.
Basta olharmos para o nosso passado próximo e sentimos isso, de facto há uma permanente mutação, não nos podemos deter em nenhum momento e o mais efémero é o presente, porque ele não é mais do que uma imagem ou um frame no filme de qualquer vida. Por ser tão imediato quando muitas das vezes nos planta mágoas clamamos e antecipamos o futuro, como para lhe apressar o curso. Quando nos aporta momentos agradáveis sentimos como algo que nos foge, como para o eternizar apontamo-lo como passado. Esta nossa imprudência faz-nos errar nos tempos e muitas vezes impedir de os sentir na sua plenitude em tempo certo ou embarcaremos em tal cegueira ou fatalismo que não se desperta para as cores com que a vida se vai cruzando. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são meios, o fim é o futuro mas, não vivemos, para esperar viver; é inevitável que nunca o iremos conseguir, o passado é mais do que memórias e o futuro é mais que projectos ou fim, o presente não é o fiel da balança mas uma consequência. No entanto o presente é uma reflexão dinâmica das nossas perspectivas de passado e futuro, consequência da nossa adaptação às variáveis do tempo e, é sempre o momento mais fugaz porque pode-se inserir quer no passado quer no futuro, podendo mesmo levar a citá-lo como um momento virtual!

Pensem nisso

António Veiga

2 comentários:

Talìa Race disse...

Buena reflexión Aunque por ahí dicen que recordar es vivir, pero sí el presente y futuro El camino Hay que luchar para conseguir sueños de los que sean muy lejanos la vida, Sólo hay una.

Saludos

Talìa Race disse...

Buena reflexión, aunque por ahí dicen que recordar es vivir, pero sí el futuro se forja del presente para forjar el camino y hay que luchar para conseguir los sueños por muy lejanos que sean, vida sólo hay una.

Muchos saludos

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