Educar: a ponte com o futuro

L'éducation est une mesure essentielle pour notre existence.
Educar es un desafío constante y está mucho más allá de la enseñanza, educar o informar, es una forma primaria de amar

Educare è una misura essenziale per la nostra esistenza.

Educating is a constant challenge and is far beyond the teaching, educate or inform, is a primary way of loving



Hoje proponho-me a explanar  e reflectir num tema que me é caro; Educar, pois a minha experiência tripla de descendência obrigou e obriga-me a uma permanente reestruturação, enquadramento e actualização. Educar é um desafio permanente e está muito para além do ensinar, educar ou informar, é uma forma primária de amar, porque ao educar não se deve desvincular a razão do coração. A Rosarinha(http://rosarinhabastos.blogspot.com/) que aceitou reflectir conjuntamente este tema comigo refere com toda a razão: "educar é a tarefa intelectual mais fascinante e, ao mesmo tempo a que mais revela nossa impotência".

Tal como os sentimentos, educar não é um processo pacífico porque obriga a um permanente desafio e intercâmbio não só de saberes mas também de sentimentos, talvez seja por isso que os métodos muito tecnicistas de educação raramente dão óptimos resultados pois ninguém gosta de se sentir num tubo de ensaio. Importa saber acerca de educar em primeiro lugar, qual a intenção que permite distinguir as actividades de ensino de todas as outras; em segundo lugar, quais as componentes observáveis que permitem considerar se algumas actividades não podem constituir ensino enquanto outras podem.
A intenção de todas as actividades de educar é a de produzir aprendizagem. Por simples e banal que esta frase possa parecer, é uma afirmação extremamente importante. Ela implica que o conceito de ensino é totalmente ininteligível sem referência ao conceito de aprendizagem. Ela afirma que não existe ensino sem a intenção de produzir aprendizagem e que, assim sendo, não se pode caracterizar educar sem caracterizar a aprendizagem. Portanto, sem se saber o que é aprender, é impossível saber-se o que é educar. Um conceito é totalmente dependente do outro. Em virtude desta apertada relação conceptual, a caracterização e a "raison d'être" de educar assenta na aprendizagem, e a aprendizagem acontece a todos os níveis e que assente em alicerces fortes e holísticos.

Vivemos numa sociedade do imediato do consumível ou de micro especialização sob um clima exasperante de competitividade. Educar nos tempos que correm pode-se tornar num saber imediato apenas para competir ou num saber potenciado em saber muito de pouca coisa com perda da noção de coisas básicas mas essenciais que escapam facilmente aos eruditos. Os eruditos passam as páginas dos livros, perdendo a capacidade de pensar por si mesmos. “Se não estão a virar as páginas de um livro eles não conseguem pensar. Sempre que seles dizem estar a pensar, estão, na realidade, simplesmente a responder a um estímulo, na verdade eles não pensam; eles reagem... É possível encontrar quem saiba dizer cavalo em 20 línguas, saiba os valores e cotas do mercado equino em 20 países e se um dia for a uma feira de gado é capaz de comprar uma vaca para montar e “dar um passeio a cavalo”, não sendo tão improvável quanto possa parecer, sem fazer grande ginástica mental basta pensar que há muitos responsáveis nos ministérios da agricultura que nunca pisaram um campo de cultura. A educação actual e as actuais conveniências sociais premeiam o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é apenas a preparação para a vida, mas é a própria vida. As tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de exclusão. Três quartos dos Homens são proscritos. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens pouco produtivos e inseridos tornando-se indesejáveis para a sociedade, comprometendo a sua relação com a sociedade e desta com ele por supostamente comprometer o futuro.

Educar é a preservação do futuro a continuidade do saber e da História, é no fundo um legado civilizacional, pois a economia e a prosperidade dum país é proporcional á literacia do seu povo. É um mal menor ter licenciados desempregados que ter um povo analfabeto mesmo que empregado, não é mais produtivo, apenas se torna mais serviçal e facilmente manipulado por quem detêm o poder quer económico quer político, sendo estes últimos, embora em número muito restrito: os beneficiados. A educação tem de ser vista forçosamente como um pilar da sociedade, um direito consagrado, universal e inalienável. Obrigando a uma permanente fiscalização e avaliação do seu cumprimento, universalidade e acessibilidade por todos intervenientes no processo de educar. A família como alvéolo social, na qual inicialmente o indivíduo se insere, tem um papel fulcral. A situação precária que actualmente se vive e os permanentes atentados aos direitos dos cidadãos, complica o desempenho desse papel ao qual se associam factores externos. Neste ambiente algumas famílias vão-se espoliando dessa responsabilidade e empurram-na em exclusivo para as escolas. Estas por sua vez nem sempre conseguem adequar-se esse papel e não lhe deve ser imputado na íntegra. As mudanças mais significativas são a forma como a família actualmente se encontra estruturada. Aquela família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos tornou-se uma raridade, existem famílias dentro de famílias. Com as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a diferentes famílias vivendo sob o mesmo tecto. Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma sensação de insegurança e até mesmo de abandono, pois a ideia de um pai e de uma mãe cuidadores dá lugar a diferentes pais e mães de filhos que nem sempre são seus. Além disso, essa mesma sociedade tem exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas actividades profissionais.
Observa-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes ficam aos cuidados de parentes (avós, tios), estranhos ou das chamadas amas electrónicas, como a TV e a Internet, vendo seus pais só à noite. Esta ausência dos pais e a pressão social do consumo e o enaltecimento do fácil leva a que os progenitores tenham perante os filhos uma atitude protectora em demasia, oferecendo-lhe de mão beijada desde a escola a todos os artigos de sonho ou marca e desaprendem a dizer não aos filhos e a atribuir-lhe tarefas e responsabilidades. As fontes de distracção, a informação fácil, a sobre informação faz perder: o rumo da educação, o discernimento do educador e o interesse do educando. Ficam educadores e educandos desmotivados numa proporção exponencial, o que se ensina parece não haver motivação para aprender, sendo o ensino uma parte integrante do educar mas não se esgota em si mesmo pois a educar cria a necessidade de aprender. O grande educador não pensa na escola pela escola ou no educar por educar, como o grande artista não aceita a arte pela arte; é incapaz de se encerrar na relativa estreiteza de uma vida de ensino. Talvez tenha de se repensar todo o ensino e adequá-lo à realidade actual com prospecção no futuro. A “escola tradicional” caracteriza-se por ser baseada em “programas” cujos saberes, organizados numa determinada ordem, são estabelecidos por autoridades burocráticas superiores ausentes. Os professores sabem o programa e ensinam. Os alunos não sabem e devem aprender, porém não sabem e os pais necessitam pagar explicações (os que podem) para complementar essa aprendizagem. Na escola os alunos são agrupados em turmas independentes continuam com um ensino impessoal e não dirigido. A actividade de pensar é fragmentada em unidades de tempo chamadas aulas, que também não se relacionam umas com as outras. Livros/Manuais garantem a uniformidade do ensino.
A aprendizagem é avaliada por meio de testes, nem sempre verdadeiros avaliadores da capacidade de pensar, criar ou trabalhar dos alunos colocando-os em permanente comparação, o filósofo dinamarquês Soeren Kiekeggard, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Mas ninguém pensou em avaliar a alegria dos estudantes – mesmo porque não há métodos objectivos para o efeito. Porque a alegria é uma condição interior, uma experiência de riqueza e de liberdade de pensamentos e sentimentos. A educação, fascinada pelo conhecimento do mundo, esqueceu-se de que a vocação é despertar o potencial único que jaz adormecido em cada estudante. Daí o paradoxo com que sempre nos defrontamos: quanto maior o conhecimento, menor a sabedoria. Compreende-se que, com o passar do tempo a inteligência o educando silencia-se por medo e horror diante dos desafios intelectuais, e o aluno passe a considerar-se como um burro. Quando a verdade é outra: a sua inteligência foi intimidada pelos professores e, por isto, ficou paralisada. Educar não é criar discípulos porque isso castra a capacidade de pensar e criar e os discípulos quanto mais fiéis ao mestre mais saber se perde no futuro.
Eu sonho com o dia em que os professores os mestres ou educadores, nas suas aulas ou ensinamentos, falarão menos sobre os programas e as pesquisas e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos do que a classificá-los como hoje se impõe, o objectivo primórdio do ensinar deveria ser preparar no futuro com as potencialidades que cada um possui, mas haverá sempre os condicionamentos duma sociedade competitiva. Importa um valor numérico que dê acesso a uma especialização que dê segurança, competindo ferozmente para um emprego de segurança mas algumas das vezes com uma capacidade de trabalho muito ténue, uma inteligência emocional ou social deveras baixa, o sistema de ensino leva-os a aprender a suportar a injustiça e aprender a suportar o aborrecimento.Com as novas orientações pedagógicas (processo de Bolonha) entra-se num outro extremo de formação, o educando é o seu educador desvinculando-se o papel ao mestre que apenas fica como orientador e observador e no final como avaliador. Há que repensar escola e introduzir-lhe formas diferentes de educar, que catalisem o pensamento, a criatividade ou o dinamismo. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas.
As escolas: não deveriam ser para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas permitem-nos andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido. E, no entanto, não podemos viver sem respostas. As asas, para o impulso inicial do voo, dependem dos pés apoiados na terra firme. Os pássaros, antes de saber voar, aprendem a se apoiar sobre os seus pés. Também as crianças, antes de aprender a voar têm de aprender a caminhar sobre a terra firme. Terra firme: as milhares de perguntas para as quais as gerações passadas já descobriram as respostas. O primeiro momento da educação é a transmissão desse saber. Há um momento em que se ensina o que se sabe, e o curioso é que esta aprendizagem é justamente para nos poupar da necessidade de pensar. Os grandes homens não podem fazer-se por encomenda por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja. A nossa política educacional baseia-se em duas enormes falácias. A primeira é a que considera o intelecto como uma caixa habitada por ideias autónomas, cujos números podem aumentar-se pelo simples processo de abrir a tampa da caixa e introduzir-lhes novas ideias. A segunda falácia, é que, todas as mentes são semelhantes e podem lucrar como o mesmo sistema de ensino. Todos os sistemas oficiais de educação são sistemas para bombear os mesmos conhecimentos pelos mesmos métodos, para dentro de mentes radicalmente diferentes.


A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida. A educação visa melhorar a natureza do homem o que nem sempre é aceite pelo interessado, mas todo o Homem tem interesse em aprender, está no seu código genético assim como na maioria dos animais, tudo começa na sua aventura em explorar o mundo que o rodeia e inter-agir com ele, um forte instinto exploratório, é mais crucial para uns que para outros. Na verdade, tal instinto depende muito do grau de especialização atingido por cada espécie no decurso da respectiva evolução. Se todo o esforço evolutivo se concentrou no aperfeiçoamento de uma forma particular de sobrevivência, a espécie não tem necessidade de se preocupar muito com a complexidade geral do mundo que a rodeia. No nosso caso, a curiosidade infantil reforça-se cada vez mais enquanto crescemos. Nunca paramos de investigar. Nunca nos satisfazemos com o que sabemos. Mal encontramos resposta para uma pergunta, formulamos logo outra. É esse o maior truque da nossa espécie para continuar a sobreviver. Os deveres dos pais incluem, além da protecção, da alimentação, da limpeza e da brincadeira, o importantíssimo processo de educação dos descendentes.
Tal como acontece noutras espécies, isso se faz através de um sistema de punição-e-recompensa que se transforma gradualmente em ensino segundo o método de tentativas-e-erros. Mas além disso os descendentes começam rapidamente a aprender por imitação — um processo que está relativamente mal desenvolvido na maioria dos outros mamíferos mas soberbamente desenvolvido e refinado na nossa espécie. Muito daquilo que os outros animais têm de aprender penosamente à sua custa, nós adquirimo-lo rapidamente seguindo o exemplo dos nossos pais. O homem é um primata que educa. (Estamos de tal maneira habituados a esse método de aprendizagem, que partimos frequentemente do princípio de que as outras espécies o usam da mesma forma, do que resulta que exageramos enormemente o papel que o ensino tem na sua vida).
Grande parte da nossa actividade adulta baseia-se no que absorvemos por imitação durante a infância. Imaginamos muitas vezes que nos comportamos de uma certa maneira porque ela corresponde a determinado código sublime de princípios abstractos e morais, quando, na verdade, nos limitamos a obedecer a um conjunto de impressões puramente imitativas, profundamente enraizadas e aparentemente "esquecidas". É essa imutável obediência a tais impressões (a par dos nossos instintos cuidadosamente dissimulados) que torna tão difícil que as sociedades mudem os respectivos costumes e "crenças". A educação não deve ser só rica em saberes técnicos, científicos mas essencialmente em valores (educação das habilidades e educação das sensibilidades), sendo o papel dos educadores mostrar a vida a quem não a viu. O educador diz: “Vê!” - e, ao falar, aponta. O educando olha na direcção apontada e vê o que nunca viu, o seu mundo dilata-se e fica mais rico interiormente, pode sentir mais alegria e dar mais alegria - que é a verdadeira razão pela qual vivemos.Educar, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência e tranquilidade. Exige saber ouvir, mas também fazer calar quando é preciso educar. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades. Podemos ensinar a fisiologia, a bioquímica, a taxonomia, as classificações botânicas duma árvore mas elas não terão tanto sentido senão conseguirmos mostrar a beleza e o proveito da sombra ou o sabor do fruto duma árvore,
A maneira que educamos precisa ser cuidadosamente examinada. Revista para ser interessante, atractiva e divertida para todos os tipos de crianças e adultos, cada qual com suas habilidades, gostos, qualidades e fraquezas. Afinal uma vida feliz é uma vida bem sucedida e normalmente uma vida bem sucedida é uma vida baseada em uma boa educação, mas é preciso não esquecer que a todas as palavras que se cruzam no educar como: aprender, explorar, investigar, intelectualizar, olhar, ensinar, aculturar, saber, experimentar, etc., deve-se juntar outras como: o amar, lutar, trabalhar, respeitar, tolerar, ver, sentir, etc. Importa nunca desistir de educar e de aprender, porque conforme Einstein: “A educação é o que resta depois de se ter esquecido tudo o que se aprendeu na escola”

Pensem nisso

António Veiga

1 comentários:

ROSARINHA BASTOS disse...

"(...os métodos muito tecnicistas de educação raramente dão óptimos resultados pois ninguém gosta de se sentir num tubo de ensaio."
Nesse sentido,faço minhas as palavras de S.João Bosco:"O meu sistema? Simplicíssimo: deixar aos jovens plena liberdade de fazer o que mais lhe agrada. O problema é descobrir neles germes de boa disposição e procurar desenvolve-los''. A educação consiste não em controlar, mas em libertar. O verdadeiro educador não deve apontar erros, mas, previni-los; não deve enxergar apenas o tangível aos olhos, mas, o invisível e, o mais importante: não desistir facilmente,e, sim, estimular o recomeço...
Fico lisonjeada com a divulgação dos meus "devaneios". Lindo dia! intemasvê!

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