Durante a campanha eleitoral há uma miscelânea de cores, sons e imagens que se completam numa azáfama de caravanas calcorreantes das ruas do município algumas ainda com o alcatrão fervilhante e escaldante mas inebriante ao voto, tanto mais que pode ser usado como manobra eleitoral no dia de reflexão.
Conhecidos os resultados vencidos e vencedores orientam sentidos para melhor se posicionar publicamente com os resultados, alguns eleitores mais expeditos tomam partido do partido que à partida mais criticavam e, como num gesto de magia ostentam a bandeira que escondiam até saber o veredicto.
Na azáfama de cadeiras e lugares o concelho pára e adivinha-se em silêncio a morte das termas envolvida nos odores emanados das águas coloridas do Vizela. O alcatrão arrefece e aguarda melhores dias, os programas jazem agora no chão condenados a uma morte anunciada na memória dos eleitores. Daqui a quatro anos promete-se mais…
No limpar de armas surgem os primeiros conflitos, transversais a todos os intervenientes, inicia-se o virar de costas, entre muitos, mesmo nos mais votados, surgem: as rupturas, “os amuos”, as cisões, as “histórias mal contadas”...
Importa pois quebrar esta continuidade na estagnação com uma maior participação e reivindicação dos Vizelenses aos órgão que elegeram, pede-se oposição dinamizadora, interventiva, não forçosamente beligerante, e executivos com vontade de fazer mas também de ouvir, que se devem iniciar desde a tomada de posse.
Os processos de tomada de decisões nas autarquias apresentam-se sob a forma de três modelos: o racional, o pluralista e o de rotinas. O modelo racional é o paradigma ideal - enfrenta os problemas, estuda respostas objectivas, lista os meios disponíveis, avalia as consequências, escolhe as soluções e avalia as decisões. O modelo pluralista define uma intervenção de negociação com os diversos poderes locais - a mudança faz-se lentamente, sem grandes sobressaltos sociais ou políticos. O modelo de rotinas procura a harmonização social - os poderes convivem com os problemas que surgem, de forma distanciada, sem atitude previsional. Procuram satisfazer as necessidades ouvindo os interesses instalados, sem implicar com estes. São impermeáveis à inovação e à mudança. Impera a Vizela sair deste modelo.
A participação dos cidadãos é escassa, com diversos graus e propensão para o crescimento. Na verdade, os cidadãos decidem a montante, e através do voto; mas, depois desta escolha, os cenários são muito diversificados. Lembrem-se que em democracias mais avançadas, a cooperação e o trabalho de equipa deu lugar ao esvaziamento do tráfico de influências e dos caciques. A governância autárquica só é possível quando assenta numa comunidade com um grau apurado de civismo, com capital social elevado e uma cultura política plena, podemos começar por pequenos gestos como fazer esporadicamente uma assembleia municipal dos pequeninos com os alunos das nossas escolas, tal como preconizava o programa da CDU. Em Vizela temos necessidade de formação cívica, de partidos políticos transparentes, de cidadãos participantes e de maior igualdade social.
Pensem nisso…
António Veiga
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