A educação e a economia

O Estado tem vindo ao longo dos últimos anos a desvincular-se de um dos seus deveres e obrigações essenciais ao desenvolvimento dum país como sejam os três pilares essenciais a uma sociedade: Justiça, Saúde e Educação, procurando duma maneira dissimulada entregar esses serviços a entidades privadas avassalando mais o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Ao estado cabe acautelar os direitos fundamentais dos seus cidadãos, fazendo-os crescer em igualdade de oportunidades, como por exemplo, deveria o estado assegurar uma instrução pública totalmente gratuita, transmissora de saberes e competências e que nos preparasse a todos nós para uma vida activa, lapidando-nos até atingirmos um manancial de conhecimentos que nos torne úteis á sociedade. Mas quando um país desvia os fundos destinados á instrução do seu povo para obras que nada têm a ver com a formação profissional, cultural e técnica do seu povo, mas sim com a satisfação dos desejos de riqueza, grandeza e visibilidade dos seus governantes, hipoteca definitivamente o futuro do seu povo e casos como este já não são novidade para ninguém, porque um povo sem instrução não tem forma de questionar a realidade em que vive e em Portugal também se tem caído no brilho fácil, as grandes obras públicas têm funcionado como uma imagem de progresso e modernidade do país, já para não falar das milionárias indemnizações dos gestores públicos, mas a realidade do país é bem diferente.


Um estado que assente as bases do seu futuro numa população ignorante ou pouco instruída ruirá a curto prazo, pois não gerará dentro de si a tão dita mão-de-obra especializada, a cultura e a formação necessária á sua sólida construção.

Quando querem imputar as culpas nos trabalhadores do atraso económico do país e que os Portugueses são pouco criativos e trabalhadores importa lembrar que há alguns anos atrás referia-se como essencial a mão de obra barata como sinal de competitividade económica com os outros parceiros concorrenciais e exaustivamente se preconizou como certo este silogismo económico, porém poucas vozes se levantaram quanto ao facto do patronato não investir na qualificação e diferenciação da mão de obra e criação de produtos com marca nacional e a respectiva projecção dos mesmos no mercado internacional. Interessava antes uma obtenção de riqueza mais rápida e limitada de ambições, como seja a execução parcelar de componentes de marcas consagradas de outros países sujeitando-nos assim cada vez mais às variáveis económicas internacionais. Foi também moda dos empresários a descapitalização das empresas em proveito pessoal, não apostando no dinamismo e na diferenciação técnica das mesmas, com perda de competitividade para o futuro.

Talvez por tudo isso ainda continuemos apesar de todos os esforços pedidos à população em geral, sem perspectivas de confiança futura, talvez com o despertar que timidamente surgem com as novas oportunidades tomemos consciência disso e tenhamos operários mais diferenciados capazes de exigir empresários mais empreendedores, porque efectivamente ambos não estão em lados opostos mas terão um objectivo comum que é a prosperidade da empresa: quer para preservação do posto de trabalho ou para compensação do risco de investimento, sem que isso implique necessariamente um enriquecimento fácil, mas uma interacção proximal entre as duas partes.

António Veiga

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