A verdade da mentira colectiva

 O mundo vive momentos únicos que podem gerar grandes mudanças, podendo elas acontecer a vários níveis, alterações estruturais económicas e políticas com riscos para o extremismo, tumultos, conflitos sociais, reacender de ódios, alterações político administrativas ou mesmo in extremis mobilização bélica, A espessura angustiante destes tempos de incerteza emergem silêncios de abandonos submersos e ruídos estridentes de indiferença. Os silêncios são maiores, são os que falam pelos medos, mente-se e esconde-se a verdade. Ataca-se deliberadamente direitos atingidos por lutas de gerações para um renascer de interesses económicos agora apoiado em tecnocratas auto denominados como salvadores da pátria mas destruidores de povos. Ataca-se com ferocidade as classes expostas criando facções, divisionários para se absorverem em si mesmos. Disseminam o medo entrincheirando ruídos de destruição dos estados sociais. Numa declaração estratégica e orientada para os funcionários públicos libera-se a possibilidade da destruição dos serviços públicos. 
Os governos devem proteger os protegidos, são coniventes e silenciam, pior ainda deixam de governar e eles mesmos são  controlados a ordens restritas da troika, do FMI ou de outros interesses que ninguém conhece, mas que tal como as bruxas, que os há há. A destruição da essência social dos estados é uma prioridade, pouca preocupação há com as pessoas ou com o crescimento económico, sobrepõem-se outros interesses, outros golpes de palácios obscuros e anónimos, mas poderosos. Desvalorizam-se serviços e funcionários, transforma-se as carreiras em incertezas futuras, desfalcadas de interesse para as próximas gerações e como é óbvio sem trabalhadores e com trabalhadores desmotivados não há qualidade de serviços ou mesmo serviços. Abre-se indiscutivelmente as portas para privatizações, entregues ao desbarato as empresas e os serviços públicos aos grupos económicos. A saúde poderá transformar-se num direito acessório alterado na constituição, tal como a educação, a cultura e mesmo a segurança, a qualidade ou a atribuição desses serviços assentará em absoluto na fluidez financeira de cada um.

A lavagem cerebral é colectiva, impondo-se sorrateiramente perante a passividade de todos, basta olharmos para as mudança políticas da Europa e a sua tendencial viragem à direita. É caricato, que os trabalhadores do velho continente ao sentirem-se atacados vse refugiarem em correntes ideológicas mais próximas do capital e a classe média é um alvo preferencial no engodo que as medidas os protegerão quando são eles o alvo preferencial, pois o empobrecimento desta classe é sustento do grande capital. O virar a cara e pensar que as medidas são para os outros ou para outros povos é a forma passiva de permitirem a sua destruição. O egoísmo e o egocentrismo que se tem dimensionado pelo consumismo dos últimos anos pode estar na génesis deste comportamento, pois pensam que o mundo começa e acaba no seu próprio umbigo e a defesa individual de interesses sobrepõem-se à coletiva, fazendo-os sentir mais fortes e seguros, inconscientes na debilidade a que se expõem. Plastificam-se e uniformizam-se mentalidades. Criam-se silogismos perigosos como os que pressupõem que a educação não é compensatória para os jovens porque as gerações futuras precisam mais de empreendedores do que técnicos desempregados.
Algumas vozes rasgam o silêncio, como a do vídeo abaixo, e “põem o dedo na ferida”, desmascarando alguns dos problemas que assolam a actualidade, mas ficam como vozes isoladas outras são silenciadas e os media ignoram-nas.

Vivemos duma forma despercebida e silenciosa a entrega dos poderes de decisão a tecnocratas adidos ou servos de grupos económicos sendo as pessoas apenas números que aos poucos vão perdendo a dignidade e cujos deveres começam a estar restritos ao servilismo desses grupos de interesse sendo isso transverso numa maioria de países. Se olharmos para a Europa a Grécia entregou o poder a um tecnocrata, o mesmo se passa com a Itália, recentemente Espanha e Portugal tem um primeiro ministro que não é mais do que uma peça decorativa, sendo o ministro das finanças o verdadeiro líder, outro tecnocrata. A civilização moderna encontra-se em má posição porque não nos convém, foi construída sem conhecimento da multiplicidade de culturas e povos que incluem a Europa, pois cada vez mais se dá apenas importância à economia como essência da existência dos povos. 
A União Europeia apesar  de ter sido edificada num pressuposto de equidade entre os seus membros, não foi feita à sua medida. Na verdade, é evidente que não seguiu nenhum plano verdadeiramente abrangente, os interesses individuais de alguns países sobrepuseram-se a outros. Os tecnocratas tomam o poder quase de assalto, numa farsa de eleições para parecerem lícitos, corroem todo o sistema na sua acção desastrosa e ruinosa como consequência dos tempos da crise, o engodo que vai proliferando e atenuando o descontentamento das massas. Tudo em nome do colectivo, do futuro mas com vantagens evidentes e presentes para os verdadeiros interessados: o poder económico, o neo capitalismo. Enquanto o capitalismo controlava as forças políticas com o poder do capital este neo capitalismo sem controle, gere o seu capital subjugando o poder político sendo decisor nas nomeações dos políticos e nas suas carreiras. As democracias são usadas como cavalos de Tróia, deixando-se transformar numa farsa por este neo capitalismo, incutindo como certo a incerteza do valor do trabalho e das pessoas em detrimento do lucro e da economia selvagem e desenfreada, apogeu egoísta e divisionário, quebrando qualquer elo que pressuponha colectivo ou união. A ordem da razão tende a desvanecer-se na acutilância dos oportunismos quase até à obscenidade em nome duma crise que não é mais do que a destruição da autonomia dos estados sociais comprometendo em absoluto as mais elementares regras e bases democráticas.

Pensem nisso

0 comentários:

Enviar um comentário

 
Home | Gallery | Tutorials | Freebies | About Us | Contact Us

Copyright © 2009 Devaneios de Vida |Designed by Templatemo |Converted to blogger by BloggerThemes.Net

Usage Rights

DesignBlog BloggerTheme comes under a Creative Commons License.This template is free of charge to create a personal blog.You can make changes to the templates to suit your needs.But You must keep the footer links Intact.