Caixinha mágica

Num simples tocar no botão

abre-se a janela, o mundo entra

cheio de palavras e imagens.

Tudo se torna

tão perto

tão acessível

numa luminosidade espelhada

em alta definição  na policromia

nascida a preto e branco.

Sonho

Fantasia

Arte

Cultura

Informação

A paixão é voraz

Porta do imaginário,

Janela do mundo

postigo indiscreto

de vidas,

de gentes,

de povos

tão banais quanto a sua existência.

Rapsódia de sentimentos e sonhos

despertando sorrisos,

embalando lágrimas

entre paixões, amores e ódios,

ardentes melancolias,

de vidas secretas devassadas.

Janela de luzes,

imagem do mundo aberto.

Impõe

Estrelas baças de brilho,

vedetas do espectáculo

da arte

da política

Numa desarrumação

das imagens:

inventam-se notícias

de límpidas mentiras

feridas com verdades,

suspiros de tiunfo,

orgasmos manipuladores

de sorrisos perfeitos

vozes angelicais,

melodias celestiais

com gente real

cegos no brilho

de momentos

narcisistas

de glória.

Vencedores, vencidos!...

Janela irreal,

atrevida,

intrrometida,

manipuladora,

labareda fechada,

entre a monotonia

das imagens.

A sumptuosidade

do ruído das suas cores

silência famílias.

Tertúlias roubadas

em debates

de ideias sem frases

de palavras sem nexo.

Suspira-se

o vazio

tudo por detrás

da caixinha

do vidro

iluminado de vida,

repleto de imagens.

A imagem tende

a  ser afectiva,

o afectivo tende

à magia.

A magia à ilusão.

Num simples

tocar no botão

a caixinha mágica

sucumbe

de negro.

Silêncio...

Agora

vejo, ouço, cheiro, saboreio, sinto e penso

melhor o mundo!

António Veiga, in poemas completos