Outonos na Vida

Les déceptions de la vie ne doivent pas être des barrières, mais des moyens de réaliser leurs rêves.
Le delusioni della vita non dovrebbe essere ostacoli, ma mezzo per raggiungere i propri sogni.
Las decepciones de la vida no deben ser barreras, sino medios para alcanzar nuestros sueños.
The disappointments of life should not be barriers but means to achieve their dreams

Quantas vezes almejamos um sonho ou temos um objectivo e nos é defraudado, e somos invadidos por um sentimento negativo que é a desilusão. A desilusão é a antítese do sonho, e quando nos deixamos deveras acalentar por ela podemos hipotecar paixões, ideais ou simplesmente deixar desvanecer a vida ou perder convicções. Dá vontade de gritar aos quatro ventos numa voz bem alta, como se fosse sair um monstro de dentro de nós, a sensação de alguma coisa sem precedentes. Como se viesse um desejo de chorar e chorar, e nem saber a hora de parar, somente induzido em nós, rumando para um deserto quente e seco a sensação de estar perto do nada, sonhos desmoronados e castelos de areia engolidos pelas ondas, sentimento de perda e dor, sabor do castigo, sentido sem amor. Ainda pior que a convicção da desilusão é a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, desilude-me, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou, quem quase vive já morreu. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas oportunidades que se perderam por medo, nas ideias que nunca saíram do papel, a maldita mania de viver no Outono da vida. Por vezes sinto que vivo num país de permanente Outono, ou talvez com a globalização se propagou a todo o mundo.

Pergunto-me, às vezes, o que leva a escolher uma vida morna, desprovida de sentimentos, convicções ou saberes; ou melhor não me pergunto: contesto. A resposta talvez a saiba, penso que está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos sentimentos descartáveis, na indiferença dum "Bom dia", nos olhares perdidos na indiferença ou pregados no chão. Toda esta cobardia associa-se a um vedetismo individual, levando a uma eterna competição com os outros, recusando-se a viver juntos e muito menos a conviver. Importa que as paixões queimem, que o amor enlouqueça, o desejo revitalize mas, esses bons motivos capazes de decidir entre a alegria e a dor, o sentir e o nada, acabam também por serem vividos a termo precário e envolvidos em tantas futilidades que na sua multiplicidade perdem o sentido. Sem qualquer conotação moralista, o facto é que as pessoas estão permanentemente à busca de algo que nunca encontram, não por que não o alcancem mas por não sabem bem já o que querem nem quererem sacrificar-se por algo, tudo pára e muda de rumo à primeira desilusão ou desgosto.

Se a vida tivesse de ser vivida sempre neste destino sem rumo ou num meio termo sem convicções ou objectivos seria como se o mar, não tivesse ondas, os dias permanentemente enevoados e o arco-íris teria apenas tons cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. As pessoas acabam mais fechadas sobre si próprias e provavelmente as alterações psicológicas e psico-somáticas exponenciam-se, pois viver isoladamente um problema, este ganha mais volume e acaba transformando-se numa bola de neve, mas as sociedades modernas cada vez mais estão alimentando este tipo de comportamento. A falta de conversas em família, com os amigos ou até com os estranhos que encontramos na vida ou na rua estão a destruir uma das características essenciais à sociedade humana: comunicar sendo caricato que cada vez mais os meios tecnológicos permitem maior fluidez de comunicação e as pessoas estão mais fechadas ou circunscritas a um grupo muito restrito. Ninguém já gosta falar de nada, e quando se fala limitamo-nos a banalidades ou simplesmente à projecção do parecer e do ter. Permanentemente a nossa sociedade vai alimentando-se destes desiludidos ou frustados que clamam vitórias mas que sentem-nas como derrotas, buscam a perfeição em qualquer coisa mas não são capazes do elementar, pois a vida não é feita na sua maioria de génios mas de pessoas anónimas que todos os dias lutam por mais um dia preenchido de vivências, saberes e sentires que desconfiando do destino e acreditam neles próprios e buscam confiança e afectos e desafectos com os que interagem gastando mais horas a realizar mas nunca deixando de sonhar mesmo que os erros os desgatem, as desilusões os fustiguem ou os sacrifícios os entorpeçam. Para os erros há perdão; para os fracassos, nova oportunidade; para os sonhos impossíveis, tempo. Nem todos podem ter todas as estrelas ao seu alcance e as coisas que não podem ser mudadas resta somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de a merecer.

Pensem nisso

António Veiga

4 comentários:

Ana Isabel disse...

Onde fica o sonho?..Não comanda a vida?

Um abraço

Ana Isabel

Isabel disse...

Quelle réflexion, Antonio....
La grisaille du coeur, on l'a, on a juste à "voir" ce qui se passe un peu partout dans le monde, comment ne pas se sentir désillusionnés...? Je pense aussi qu'on a le devoir de "rebondir" après avoir eu la grisaille au coeur, parce que c'est toujours dans la noirceur qu'on peut apercevoir une étincelle de lumière quelque part, aussi ténue soit-elle. Le fait d'être dans la noirceur nous permet de voir les plus infimes étoiles, mon ami... C'est bien triste effectivement de penser qu'on n'est pas connectés les uns aux autres. C'est l'ultime illusion, que celle de la séparation. Maya voile notre regard...
Je te renvoie à Paulo Coehlo et LA LÉGENDE PERSONNELLE...! histoire de retrouver lumière et foi dans la Vie. On a tous un chemin à suivre. Merci pour ton post, toujours aussi intéressant à lire :-) Bises d'une amie du Québec, Isabel

Isa disse...

Veiga, apenas para informar que mudei de posto, estava a precisar: agora estou aqui e em inglês:

http://themchart.blogspot.com/

Bj e belo post este teu

Isa

Marcia F. disse...

Como sempre, profundo e intenso seus escritos...
O que leva a escolher uma vida morna?? Ah meu caro, em minha opinião, O MEDO. Um beijo brasileiro pra ti!
Marcia

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