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Volvidos meses das eleições impera perguntar o que ganhou o concelho com a nova arquitectura política. É óbvio que depressa os políticos da terra farão habilmente referências à crise internacional para justificar possíveis fracassos, pois a verdadeira crise deixou de ser a crise económica para ser a essência de todos as premissas goradas. A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade despertar e como evitar, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na política como na moeda há uma lei de Gresham; o homem que visa a objectivos mais profícuos será expulso, excepto naqueles raros momentos em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os políticos estão divididos em grupos rivais, visam a dividir o todo, a menos que tenham a sorte de a unir na guerra contra outra e aí, será possível ver extremos conciliarem-se numa força una. Vivem à custa do «ruído e da fúria, que nada significam». Dificilmente deixaremos de ser pequenos se continuarmos a agir e pensar com pequenez. Clamar soluções e não ouvir sugestões incorre-se num autismo cego e circunscrito, como tal tacanho nos horizontes.
Após as eleições houve até ímpetos de boa vontade e prováveis vontades de ouvir de cooperar porém diluíram-se nos labores do dia a dia ou na circunscrições do poder ou da oposição. Terá o executivo rumado de acordo com o seu programa? Terá a oposição ganho com a sua oposição instituída? Todos pareciam conhecer a solução para que as termas, porém nem a oposição com assento nem o executivo foram capazes duma resposta, talvez fosse a hora de ambos unirem esforços e fazerem aquilo que Vizela necessita e tem reais potencialidades e assim, dinamizar um nicho de mercado em franco desenvolvimento e que um aparecimento tardio vai colher apenas lucros residuais. O facto é que nunca houve um entendimento concreto na matéria e uma das sugestões mais viáveis apresentadas, foi PCP – Vizela, pondo termo a diálogos sob uma ameaça permanente de serem surdos. Actualmente, vai sendo apontada, por alguns, como uma solução possível, porque as que se auguram mais parecem manobras especulativas e de diversão num abrir e fechar de portas que reais soluções. Mas, a crise também dá para o justificar, pois há crise na coragem do PS, da Coligação ou do BE para fazer pressão nos grupos parlamentares dos seus partidos, talvez com o medo de beliscar interesses de alguém ou será que em termos ideológicos a dinamização de potencialidades económicas duma zona fere susceptibilidades ideológicas desses partidos? Os deputados eleitos por Braga esqueceram-se que as gentes de Vizela contribuíram para a sua eleição? Haverá entre eles muitas justificações mas não passam de perda de tempo pois, as desculpas, as reservas, a própria modéstia, bem reguladas, não são senão artes de ostentação e Vizela necessita mais que isso. Necessita de um intercidades fazer paragem na cidade, pois isso implicará também dinamismo económico. Mas todos os partidos se acomodaram, será que algum partido sabia qual era o número de passageiros que entravam em Vizela? Sabem quais são as justificações para que esse combóio não faça paragem? Será que esses partidos se acomodam e não sabem dinamizar, justificar e reivindicar o progresso que tanto clamam? Estarão esses partidos tão circunscritos que não se apercebem do elementar? Cada vez mais as pessoas sentem distanciamento da causa pública e cada vez menos lutam pelos seus direitos, mas alguns partidos lutam mais por lugares de cadeira que pela sua terra. É o medo da crise dirão alguns, mas será que a crise impõe o executivo não ouça a oposição e a oposição castrar permanentemente as iniciativas do executivo?
Quanto mais aquecem as discussões de planos de pormenor como as do poço quente mais arrefece a crença das pessoas nos políticos, uma vez mais se divide quando imperava conjugar opiniões. A inteligência de um líder consiste em executar não apenas a sua opinião mas a concertação da mesma complementada com as que se lhe contrapõem pois dessa forma vingará de uma forma mais sólida e consensual. Não será limitante para a oposição funcionar apenas como crítica correndo o risco de ser uma força de bloqueio ou uma estrutura cisante? Será que Vizela beneficía com este virar de costas permanentes da oposição e do executivo? Mas afinal o que os divide, se no plano ideológico são cada vez mais parecidos? Talvez a grande divisão entre eles sejam os adjectivos com que cada um deles denomina o outro. Mas com certeza encontrarão justificações na crise e o impasse manter-se-á e a decisão será muito pouco abrangente e talvez nem seja a mais adequada! Eu referi este cenário enquanto candidato, talvez a eleição dum elemento do PCP tivesse mudado o cenário. Mas, cumpriu-se a democracia e uma das vantagens é que é sempre possível a mudança, embora as pessoas a clamem mas depois se resignem e conformem com inalterabilidade cumprindo-se a lei da inércia. Pois a projecção e a ostentação, o tudo que inebria na campanha, passa a detalhe ou a pormenor, e por muitas soluções que sejam apresentadas a cegueira, a falta de vontade, a falta de interesse ou a presunção tendem a esquecê-las numa simples palmadinha amistosa para de facto ficar tudo na mesma pois o desconhecido é para os aventureiros, é por isso que o futuro é uma aventura, mas isso também não deixa de ser um pormenor.
Pensem nisso
5 comentários:
" Eu referi este cenário enquanto candidato, talvez a eleição dum elemento do PCP tivesse mudado o cenário".
Não estás a referir a eleição de um vereador? Isso era impossível, quer dizer então, a eleição de um deputado municipal. No último mandato ( 2005/2009)viu-se a diferença!
Veiga, vamos lá falar claro, sem receio. Pensas mesmo que a eleição de um deputado do PCP mudava alguma coisa? É óbvio que não vais responder. Compreende-se.
saudades de você meu amigo, passando apenas para deixar um beijo brasileiro...
linda semana! intemasvê!
Amigo Faria
5- Falar claro é não viver obcecado por um lugar mas ser firme num projecto e ideias. Aliás penso que é gravoso que a esquerda portuguesa acredite em lugares de refugo e se contente, pois fica a sensação que querem é um lugar e que defendem ou vaticinam ao povo no que não acreditam dando a sensação que só são coniventes com lutas porque nunca têm a responsabilidade do poder. Se me candidatei estava em iguais circunstâncias e se não ganhei foi talvez por não conseguir passar a mensagem ou que as pessoas se interessassem pelo projecto, mas ideias estavam lá e eu acreditava nelas para aquele cargo. A esquerda tem de acreditar mais que nas suas palavras tem de os provar e sempre que me foi pedidas soluções dei-as em função do programa. Talvez num mundo capitalista quem tem mais apoios económicos ou movimenta mais interesses parta numa situação privilegiada mas quero e acredito que isso possa mudar. Eu pelo menos acredito que isso é possível e não são migalhas ou palmadinhas nas costas que fazem os projectos mais credíveis, os estudos e as propostas que os eleitores recusaram nem sequer os lerem., nem sequer os órgãos de informação o quiseram fazer ou conhecer, preocupando-se mais com as reformas erradas do Dinis Costa ou com as saídas e entradas de partidos nos dois partidos (PS/Coligação) que propriamente com projectos. Aliás penso que em Vizela é a própria esquerda que paralisa a sua acção e basta ver no teu discurso castrador., que me surpreendeu porque sei que és e sempre foste um homem de luta e me pareces surpreendentemente acomodado. Disse-te que o meu nome até podia ser Verga, pois acredito no ditado popular chinês: por muito que o vento sopre uma montanha não verga. As minhas ideias são firmes não vacilo, não estou acomodado, mas também não quero um lugar na política para poder falar.
6- Falar claro é manter-se sempre coerente nas ideias e nas opções, sem busca de vedetismo. Sempre fui demasiado tímido para dar nas vistas, sempre fui demasiado teso para ostentar e sempre fui demasiado humilde para procurar louros.
9- Falar claro é compreender-se que a política não é a busca permanente de bombas mas também de cooperação. A política é denuncia para a salvaguarda da democracia e do bem comum e popular, não ´e só discordar ou criticar é também incentivar, discutir ideias e projectos com frontalidade mas com argumentos válidos. Provavelmente discordas do intercidades não parar mas o teu partido sabe quantas pessoas entravam antes em Vizela, em Guimarães ou nas Aves. E agora que não pára em Vizela sabes quantos entram? Sabes qual é o argumento dado pela empresa para não parar?
10- Falar claro é que acredito numa democracia assente em partidos mas sei dizer não quando tenho que dizer não, sei-me retirar quando as pessoas não me seleccionaram. Porque a política não tem de ser atropelos porque quando as pessoas estiverem em permanente conflito chama-se revolução ou urge a sua existência e se de facto tiver de haver uma eu sei se que lado vou estar e pode não ser do lado que ofereça lugares mas estarei do lado compatível com a minha ideologia a minha identidade. Talvez todos os políticos de todos os partidos devam pensar nisso, porque somos demasiadamente efémeros para ter ou julgar mas suficientemente imortais para promovermos um futuro melhor para os que herdarem o nosso legado, se acreditas junta a tua à minha voz porque podemos ser os únicos mas ninguém nos demoverá das nossas certezas que não por motivos ainda mais magnânimes que os nossos pois também acredito que todo o fundamentalismo é inimigo da democracia:
Pensa nisso amigo Faria
? ? trop compliqué...
je viens te faire de gros bisous et je te souhaite une belle nuit... tu réfléchis trop ... dommage ... bisous du soir cathy
Caríssimo!!! Empatamos em genero, número e grau na Utopia...A igualdade de direitos é um sonho que sempre trouxe comigo e o levarei para sempre. Por isso luto, mesmo que sozinha às vezes, mas, sem medo... Sem receio nenhum em galgar um mundo melhor para nossas crianças e adolescentes.
A honra é toda minha em desfrutar da sua atenção. O respeito é recíproco, isso é liberdade e libertação...
Linda noite meu amigo! intemasvê!
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