Pálido Abril


Cravo rubro esmorece
ante um povo resignado.

Liberdade é uma pluma 
que o vento embala no ar
e flutua tão leve
em percurso tão breve,
carece de alento para voar
numa emancipação
de papoilas floridas!

Aurora de Abril empalidece
a sua delicadeza revolucionária.

Gaivotas assustadas
emitem gritos e lágrimas
ante abutres famintos
de medo, de fome
incubam mentiras
e hipocrisias
no cume dos penhascos
do seu interesse!

Povo sem voz nem força,
forças armadas aquarteladas.

Grândolas desilusões,
atropelo fraterno
numa desigualdade
sem tréguas nem terra
e as azinheiras sucumbem
de solidão, exacerbada 
da ausência
de risos de criança!

Primavera adormecida
em névoa corrosiva.

Abril moribundo
sem flores, nem cores
dilacera gente
em trilhos de partida
sem destino
nem vontade de regresso,
agrilhoa um país
a coisa nenhuma!

Entre tanto 
definhamos
morremos...

António Veiga in poemas Completos



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