Misticamente o céu
envolve-se num cinzento de chumbo
e lacrimejando molha todo o horizonte
que o meu olhar alcança.
Envergonhado o sol apaga-se
no seu próprio brilho!...
Agarrado à dimensão do céu
e solto de mim mesmo
humedeço as pálpebras
exsudando-se derrame salgado
que saboreio aquando a sua passagem
pelos lábios secos...
Provo o sabor do lado cinzento da vida
e embalo-me nessa introspecção
martirizando as entranhas,
corroendo-me na dor de vencer...
Olho à volta e tudo o que me rodeia abarca
o nada que resta.
Promiscuindo ideais ganho a luta
derrubando barreiras pesadas
cujo peso dos meus fantasmas
esmaga a voz da consciência.
Lançando o olhar ao mundo,
a chuva continua a cair
arrastando com ela as mágoas
dum sol cansado.
Rasgando o solo, entranha-se
alimentando a terra para a vida.
E...eu, fixo em mim mesmo
seguro o fluido salgado,
procurando nele o brilho da vida!
Instintivamente procuro ver a beleza no cinzento
com esperança no verde.
O verde que o tempo trará na bonança.
Soerguendo o olhar arrasto a alma
sorrindo para a esperança.
Enfrento o cinzento do céu,
ignorando o cinzento da vida! E... sorrio!
Sorrio em busca do verde,
o verde da natureza,
o verde que espero da vida,
duma vida ainda verde!...
António Veiga in Poemas completos
1 comentários:
Saudade desse espaço.. Parabéns pelo texto. bjo
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