Engaiolados

Vivemos engaiolados, tendo sempre que seguir o padrão, que se encaixar em normas pré-determinadas, como se fôssemos todos iguais, onde os projetos de vida foram substituídos por estratégias de sobrevivência, ouvindo respostas programadas pelo padrão. Sendo assim, a vida acaba se transformando numa grande linha de produção, em que todos têm que fazer as mesmas coisas, ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, de modo a tornar todos iguais, sem qualquer peculiaridade que possa definir um indivíduo de outro e, por conseguinte, torná-lo especial em relação aos demais.
Cada vez mais me sinto como um inadaptado ao mundo que me rodeia, onde as particularidades, as idiossincrasias, aquilo que os indivíduos possuem de único, inexistem diante de um mundo tão pragmático e controlado. Um mundo que nos incute tanta pressa de fazer algo, escrever, amontoar bens e deixar ouvir a nossa voz no silêncio enganador da eternidade que esquecemos a única coisa em relação à qual as outras não são mais do que meras partes: viver. É óbvio tenho as minhas culpas mas, de certa forma é como se aos poucos me sentisse a ser posto à margem. Isso faz-me mais infeliz?
Talvez não, tal como José Régio no seu cântico negro, acentua as minhas convicções, que embora sem serem verdades absolutas ganham cada vez mais razão. Qual o sentido de adequar-se a uma sociedade que mata sonhos, porque eles simplesmente não se encaixam no padrão? Uma sociedade que prefere teatralizar a felicidade a permitir que cada um encontre as suas próprias felicidades. Talvez por isso me confine aos meus pequenos mundos, power bank para as minhas lutas, o afago dos meus fracassos, das infinitas coisas, palavras por fazer e dizer. Tal como o pólen dos nenúfares não polinizado pelos insectos se dilui na água ou do tímido lírio do vento se esconde entre a vegetação.

Pensem nisso.

António Veiga

Culpa conjunta


A poluição e os atropelos ao ambiente prevalecerão por muito tempo em nome da economia e do lucro. Mas é essa poluição que faz todas as alterações climáticas como a seca ou as inundações em Moçambique que nos emocionam, mas de certa forma somos todos coniventes na Génesis destes fenómenos com os hábitos que fomos adquirindo e recusamos a mudar. De nada vale continuar em nome da economia comportamentos de risco ambiental pois só há um planeta e se esse acabar pouco importará os dividendos económicos que se conseguiram. .É estranho pensar que o ser humano é a mais insano de todas as espécies, afirma-se racional e senhor do mundo, adora um Deus invisível e mata a Natureza que se lhe é visível... sem perceber que a Natureza que mata é provavelmente o Deus invisível que adora, como o astrofísico Hubert Reeves referiu numa das suas análise reflexiva sobre a civilização humana.

Pensem nisso porque depois desse provável caos não haverá ordem.
António Veiga
 
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