No ocaso por acaso
deixei cair um sorriso
num raio dourado do sol,
aproveito e faço-o voar
para salvá-lo da noite,
embalado em tanta luz
efusivo e radiante
acena-me numa despedida
enquanto eu degusto
a beleza do adormecer
da luz do dia.
Subitamente sinto,
o despertar dos sentidos,
saudosistas do sorriso,
remetem-me na infinidade
do tempo e dos tempos.
Acomete-me um enorme vazio
uma existência de nadas.
Mas nada, é tão forte,
nem o brilho da luz,
nem o calor de um sorriso...
apaga esta escuridão.
Nada, absolutamente nada!
Como se nada fosse pouco...
Nada é a proximidade ao infinito
a genesis e o fim de tudo.
é o espaço que medeia
o infinitamente impossível
ao infinitamente possível!
Talvez seja por isso
que neste entardecer da vida
locupleto o peito
dos nadas vividos
esperando que a alvorada
devolva o meu sorriso
mais iluminado e brilhante.
António Veiga,in poemas completos
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